#SeEleEstivesseArmado reúne casos de agressão que poderiam ser trágicos
O assunto ganhou notoriedade após o presidente assinar decreto em que flexibiliza a posse de armas

Jair Bolsonaro assinou um decreto na última terça-feira (15) que flexibiliza a posse de armas no Brasil. Se antes cabia à Polícia Federal avaliar a necessidade da posse, agora a ‘efetiva necessidade’ para adquirir até quatro armas de fogo pode ser alegada por qualquer cidadão.
O texto diz ainda que é preciso que o interessado declare que há um local seguro para armazenar o instrumento de ataque em moradias que tenham crianças, adolescentes e pessoas com deficiência intelectual. A revisão da autorização, que antes era feita a cada cinco anos, agora será a cada dez.
Especialistas receberam as alterações com preocupação. Uma crítica que tomou as redes sociais é em relação ao possível aumento de mortes de mulheres por seus namorados, maridos ou pais.
Em 2016, 2 339 mulheres foram vítimas de homicídio por armas de fogo. Destas, 506 morreram dentro de casa. Os dados são do sistema Datasus, do Ministério da Saúde, em levantamento feito pelo Instituto Sou da Paz.
Em entrevista ao jornal O Globo, a promotora do Ministério Público de São Paulo Valéria Scarance disse que a arma é um fator de risco para mulheres que sofrem violência sistêmica dentro de casa. “A presença de arma na residência é um dos elementos que levam a conceder medida protetiva para mulheres em todo o mundo. Não existir arma de fogo não faz com que o risco diminua, mas a presença de uma arma agrava os riscos de morte”, explica.
Desde que o decreto foi assinado pelo presidente, internautas usam a hashtag #SeEleEstivesseArmado para relatar casos de violência doméstica que poderiam resultar em tragédia.
Meu pai sempre foi alcoólatra e qdo bebia tinha crises de agressividade e violência. Já bateu na minha mãe, em mim, na minha irmã, quebrou a casa inteira (incluindo mesas de mármore pra vcs calcularem a fúria). #SeEleEstivesseArmado nenhuma de nós 3 estaríamos mais aqui.
— Seje menas (@BiancaBianchi) January 16, 2019
https://twitter.com/cuatorze/status/1085548957441425408
https://twitter.com/modapraler/status/1085544871329521664
https://twitter.com/deyprimido/status/1085648562141126661
Meu ex achou super normal me perseguir por 2000km em outro estado, invadir minha casa, me agredir, me ameaçar.
Nesse dia, toda vez q ele mexia na mochila eu achava q ele ia pegar uma arma.#SeEleEstivesseArmado eu tinha morrido em agosto de 2014.— EuEscotista (@euescotista) January 17, 2019
https://twitter.com/btrzlnzn/status/1085871936272588801
https://twitter.com/LilianeRosa_/status/1085547633903616000
Meu pai, bêbado, começou a bater na minha mãe na cozinha, minha irmã mais nova foi correndo ver o que estava acontecendo. Ele parou, ela começou a xingar ele e pediu para ele parar de beber. Ele foi pra cima da minha irmã.
Isso foi num sábado. Saímos de casa#SeEleEstivesseArmado— Menon, Bruno (@MenonFox) January 16, 2019
Um namorado de adolescência – dos meus 15/16 anos – não aceitou o fim do namoro. Passou a me perseguir, tentou invadir a casa de uma amiga em que eu estava, dizia que ia se matar e chegou a cortar os pulsos. Se tivesse uma arma podíamos estar os dois mortos. #SeEleEstivesseArmado
— Juliana Gonçalves (@Jollyxx) January 16, 2019