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Seleção feminina de base do Afeganistão foge para o Paquistão

Seguindo o exemplo da seleção principal, as jogadoras de base fugiram do Talibã para o país vizinho

Por Da Redação
16 set 2021, 15h32
Frozan Tajali, capitão da equipe nacional de futebol feminino do Afeganistão
Frozan Tajali, capitão da equipe nacional de futebol feminino do Afeganistão, em 2016 (| Foto: Stan Grossfeld/The Boston Globe/Getty Images)
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Para continuar em atividade, as jogadoras de base da seleção feminina de futebol do Afeganistão precisaram fugir para o Paquistão. Desde a retomada ao poder do Talibã, as atletas estavam vivendo escondidas por medo de represálias e ataques.

Leia também: O que a volta do Talibã pode significar para as mulheres do Afeganistão

Ao atravessar a fronteira do país vizinho, elas fizeram o mesmo caminho que a equipe principal, que já havia conseguido sair do país em agosto deste ano, depois de um pedido de socorro de Shabnam Mobarez, capitã da seleção adulta feminina do Afeganistão. As atletas da base, contudo, tiveram que permanecer escondidas até resolverem problemas nas documentações.

Desesperadas, as atletas escreveram uma carta para o primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, pedindo ajuda alegando estar “sob forte ameaça” do grupo extremista.

As jogadoras e suas famílias somam 115 pessoas que saíram do país, após conseguir os passaportes com a ajuda do governo do Paquistão e da ONG ‘Football For Peace’, de acordo com a BBC. Elas serão recebidas na cidade paquistanesa de Peshawar e, em seguida, vão para o leste, em Lahore, onde ficarão hospedadas na Federação Paquistanesa de Futebol.

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Desde que o Talibã assumiu o governo do Afeganistão, Khalida Popal, ex-capitã da seleção, pediu que as jogadoras apagassem as fotos publicadas nas redes sociais e queimassem seus uniformes para não sofrerem ataques.

Proibição de esportes para mulheres afegãs

Ahmadullah Wasiq, atual vice-chefe da comissão cultural do grupo extremista, afirmou recentemente, em entrevista à emissora australiana de televisão SBS, que as mulheres afegãs não poderiam praticar esportes.

Durante a entrevista, Wasiq disse que o esporte feminino é considerado inapropriado e desnecessário, especificando a prática do críquete, que é muito comum naquela região da Ásia.

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“Não acho que as mulheres terão permissão para jogar críquete porque não é necessário que as mulheres o joguem”, disse Wasiq. “No críquete, elas podem enfrentar uma situação em que seu rosto e corpo não estarão cobertos. O Islã não permite que as mulheres sejam vistas assim”, continuou.

O vice-chefe também alegou que, ainda que não pratiquem o esporte em si, as mulheres poderão continuar vendo suas iguais através da mídia. “É a era da mídia, e haverá fotos e vídeos, e então as pessoas assistirão. O Islã e o Emirado Islâmico [Afeganistão] não permitem que as mulheres joguem críquete ou pratiquem o tipo de esporte em que ficam expostas”, afirmou.

A medida foi tomada cerca de uma semana depois do novo governo autoritário permitir que as mulheres afegãs frequentassem as escolas e universidades, ainda que separadas dos homens, sob promessas políticas de que os direitos das mulheres não estão sob risco.

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Embora os funcionários do conselho de críquete do Afeganistão digam que não foram informados oficialmente sobre o destino do críquete feminino, o programa do conselho para meninas já foi suspenso. Algumas mulheres já chegaram a relatar que são ameaçadas de violência pelos combatentes do Talibã, caso sejam flagradas jogando.

A proibição da prática de esportes é só mais uma das evidências crescentes de que as posicionamento do Talibã em relação às mulheres não é tão divergente de 20 anos atrás, última vez em que ocuparam o poder, apesar das afirmações contrárias aos fatos.

No último governo do Talibã, as mulheres eram proibidas de praticar qualquer esporte. As atletas afegãs temem pelos seus direitos, com medo de que o passado se repita.

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