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Marcella Galeotti saiu do zero e hoje abraça mulheres da tecnologia

Após recomeçar a carreira e se tornar analista de dados, ela passou a impulsionar a presença feminina na tecnologia através do ‘Mulheres em Dados’

Por Kalel Adolfo
12 jul 2024, 09h00
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  • Se há uma pessoa que entende sobre reinvenção e coragem, esse alguém é Marcella Galeotti. Formada em economia, ela esteve à frente do marketing de companhias de produção cultural, até que, em 2019, decidiu deixar tudo de lado para abraçar a sua verdadeira paixão: a tecnologia.

    O desejo por mudança, no entanto, não fluiu de maneira fácil. “Estava perdida, não sabia por onde começar. Então, falei com a minha irmã mais velha, e ela me indicou pedir ajuda a um amigo que, por acaso, era sócio de uma empresa especializada em soluções de dados”, conta.

    Felizmente, o colega em questão decidiu dar uma ajuda para Marcella, a deixando responsável pelas tarefas mais burocráticas do local. “Era semelhante a um estágio. Eles precisavam compreender melhor os próprios processos e ferramentas, e eu era a pessoa encarregada por organizar e criar os documentos que possibilitassem esse aprendizado.”

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    Aos poucos, a profissional passou de aprendiz à professora, realizando cursos que capacitavam a equipe a dominar os principais produtos da empresa. Por sua curva de aprendizado excepcional, ganhou sinal verde para tocar a própria carteira de clientes, atuando como account manager.

    Em janeiro de 2021, Marcella Galeotti se tornou oficialmente uma analista de dados. Suprir todos os requisitos da área, porém, foi uma jornada tão exaustiva quanto solitária.

    “Através do Linkedin, comecei a identificar os skills mais requisitados dentro das vagas que me interessavam. Então, me joguei em infinitos cursos. Passei mais de um ano sem sair de casa, apenas trabalhando e estudando.”

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    Quando finalmente furou a bolha e conseguiu entrar para o mercado, se viu instigada a facilitar esse processo para outras mulheres que compartilhassem do mesmo objetivo.

    A ausência feminina no mercado de tecnologia

    “Até esse período, eu não trabalhava e nem ao menos conhecia mulheres desse ramo”, afirma. Foi aí que, sem quaisquer suspeitas da proporção que a iniciativa tomaria, Marcella realizou uma publicação no Linkedin, expondo a ausência feminina no mercado de dados e oferecendo guiança para aquelas que precisassem de orientação profissional. Ao final do texto, inseriu uma hashtag um tanto despretensiosa: #MulheresEmDados

    “Inicialmente, acreditei estar passando vergonha. ‘Ninguém se importa com dados’, pensei. Porém, em alguns dias, o post começou a viralizar, e a minha caixa de entrada recebeu uma verdadeira enxurrada de mensagens”, revela, empolgada. Para dar conta de tantas solicitações de contato, a especialista em dados criou um grupo no Telegram.

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    “As meninas passaram a me perguntar como funcionaria o projeto, e eu não fazia a menor ideia. Então, organizei um evento, onde reunimos todas as mulheres interessadas para decidirmos, em conjunto, o que de fato seria o Mulheres em Dados”, explica. 

    Ao todo, mais de 100 participantes deram as caras no evento de lançamento. Em cinco meses, Marcella já contava com mais de mil mulheres debatendo, trocando experiências e solucionando dúvidas acerca do universo de dados no Telegram. 

    Hoje, a iniciativa se concentra em um canal do Discord, onde as aficionadas por tecnologia podem ingressar gratuitamente, tendo acesso a trilhas de estudo, fóruns de discussão e divulgação de vagas. 

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    Para além dos contratempos externos, como o machismo da área, Marcella compartilha uma luta travada por grande parte das mulheres em tecnologia: a síndrome da impostora.

    “Conversamos muito sobre isso na comunidade. Quando entramos no ramo, nos deparamos com um tsunami de requisitos técnicos. Muitas batem o olho na descrição de uma vaga e, se não possuírem uma certa porcentagem das habilidades, nem se aplicam”, declara.

    Em contrapartida, o sexo masculino, mesmo que não domine grande parte dos conhecimentos exigidos, se candidata sem pensar duas vezes.

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    “É necessário trabalhar esse lado da confiança e da autoestima, de falarmos para nós que, mesmo que seja difícil, precisamos nos dar ao menos uma chance de tentar”, diz.

    Marcella revela que nem sempre é fácil seguir tal mentalidade. Mas ela traz em seu coração a trajetória de sua avó — a cineasta Suzana Amaral, diretora da icônica adaptação de A Hora da Estrela

    . “Uma frase que ela sempre dizia, e que me acompanha até hoje, é: ‘Onde há uma vontade, há um caminho’. Busco nunca me esquecer disso”. Sem dúvidas, a lição de Suzana ecoa através de cada trajetória que Marcella vem ajudando a desabrochar.

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