O bullying continua sendo um grave problema nas escolas. Embora identificá-lo precocemente ajude a prevenir danos maiores à vítima, muitas crianças escondem as agressões físicas, verbais ou emocionais que sofrem por temer retaliações. No entanto, há sinais que facilitam identificar se seu filho está sendo vítima de bullying.
O que é bullying e como ele afeta as crianças?
Bullying é o ato de intimidar, mediante violência física ou psicológica, de modo intencional, repetitivo e sem motivação evidente, segundo define a Lei 14.811/24. Cerca de 43% das crianças brasileiras são vítimas dessa prática, descobriu uma pesquisa da ONU.
Os impactos são diversos e vão desde dificuldades na socialização e no aprendizado, agressividade excessiva como mecanismo de defesa, isolamento, perda de apetite e até depressão. Reconhecer indícios de que a criança está enfrentando problemas pode ser crucial para ajudá-la.
“As crianças sempre nos dão sinais de que estão passando por algo difícil, mesmo que não falem diretamente sobre a situação”, afirma Priscilla Montes, educadora parental especializada em neurociência e desenvolvimento infantil. Segundo ela, mudanças comportamentais podem ser indicadores de que seu filho está sendo vítima de bullying. Confira alguns exemplos:
1 – Autoimagem negativa
Seu filho pode fazer comentários autodepreciativos, refletindo a fragilização da autoestima causada pelas agressões.
2- Resistência à escola
Embora seja comum que crianças prefiram ficar em casa com os familiares, é possível que a resistência crescente em ir para a escola seja um sinal de alerta, especialmente se ela gostava de ir anteriormente.
3- Mudança de humor
Alterações radicais no humor, como tristeza constante e irritação frequente, podem significar que algo está errado.
4- Sintomas psicossomáticos
Para fugir de situações ameaçadoras, o corpo é capaz de manifestar alguns sintomas físicos, tais como:
- Dor de cabeça;
- Cansaço crônico;
- Insônia;
- Dificuldades de concentração;
- Alergias;
- Sudorese;
- Tremores;
- Tonturas ou desmaios.
5- Dificuldades para dormir e pesadelos
Problemas para dormir e pesadelos frequentes podem ser sinais de que a criança está sendo afetada pelo bullying.
6- Perda de apetite
O estresse causado pelo bullying consegue levar a uma redução do apetite.
7- Dificuldade em socialização
Se a criança passa a ter problemas para interagir com outras pessoas, como dificuldade em conversar ou brincar, há a possibilidade de que esteja sendo assediada verbalmente e psicologicamente.
8- Queda no desempenho escolar
Ter dificuldades de aprendizagem e apresentar uma queda no desempenho escolar são alguns dos sinais de que algo não está indo bem para a criança. Se antes ela era muito interessada e deixou de ser, é bom investigar.
Como conversar com seu filho para descobrir se ele está sofrendo bullying?
Desenvolver uma relação de confiança com seu filho é essencial para que ele compartilhe suas dores e o que o aflinge. Para isso, promover o diálogo e acolher os pequenos é essencial.
“A criança precisa se sentir ouvida e acolhida. Criar um ambiente onde ela possa expressar seus sentimentos sem medo de julgamento é crucial”, comenta Marilia Scabora, psicóloga e fundadora da Comunidade Tribo Mãe.
“Não adianta abordarmos o assunto se em casa não tratamos a nossa criança ou adolescente com respeito, acolhimento, amor e dignidade”, acrescenta Priscilla. “O bullying, muitas vezes, começa dentro de casa através da forma como os pais tratam suas crianças e qual linguagem relacional estão ensinando.”
O que fazer ao descobrir que seu filho sofre bullying?
Ao descobrir que a criança é vítima de bullying, é necessário intervir imediatamente. Reportar à coordenação e dialogar com a escola para pedir medidas preventivas ou corretivas são ações indicadas por Marilia. “Trabalhar em parceria com a escola para garantir que o ambiente escolar seja seguro e acolhedor é essencial.”
Além disso, é preciso proporcionar um espaço seguro em casa e conversar com a criança para que ela expresse seu desconforto e, juntos, os pais possam ajudá-la “principalmente reforçando-a como um indivíduo único e ajudando na construção da sua autoestima”, diz Priscilla.
Como levantar a autoestima da criança?
Entender que a autoestima vem de dentro para fora é o primeiro passo. “A criança vai se perceber no mundo pela lente da linguagem relacional a que ela foi submetida no seu lar, ou seja, se ela é ouvida, tratada com respeito, se é considerada, se tem voz, então ela é importante. Sendo importante, ela tem valor e, então, adquire uma estima positiva sobre si mesma”, afirma Priscilla.
“Trabalhar a autoestima da criança começa com o fortalecimento do vínculo entre ela e seus cuidadores. É fundamental que a criança perceba que sua identidade vai além do bullying. Incentivá-la a participar de atividades nas quais ela tenha afinidade ou que lhe tragam alegria também é uma ótima estratégia”, adiciona Marilia.
Além disso, ensinar habilidades de resolução de conflitos e autocuidado emocional, como reconhecer e nomear seus sentimentos, pode empoderar a criança, pontua a fundadora da Comunidade Tribo Mãe. “Acreditamos que o autoconhecimento é um fator chave para que a criança resgate sua autoestima e compreenda que ela não é responsável pelo bullying que sofre, desenvolvendo assim um senso de valor e resiliência.”
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