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As impressionantes histórias de duas profissionais de saúde em Wuhan

A médica Xia Sisi e a enfermeira Deng Danjing foram infectadas pelo coronavírus. Aos 29 anos, elas tiveram desfechos bem diferentes após o contágio.

Por Júlia Warken, Guta Nascimento, thiagoabril
Atualizado em 13 mar 2020, 13h07 - Publicado em 13 mar 2020, 12h54
 (Reprodução via The New York Times/Divulgação)
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A médica Xia Sisi e a enfermeira Deng Danjing eram semelhantes em diversos aspectos. Como qualquer profissional de saúde de Wuhan, as duas estiveram na linha de frente dos atendimentos aos contaminados pelo coronavírus. Ambas com 29 anos e mães de crianças pequenas.

Em meio ao caos do contágio desenfreado, testaram positivo para o vírus. Infelizmente, apenas Danjing sobreviveu e Sisi não resistiu, mesmo estando bem abaixo da faixa etária de risco de morte.

As histórias dessas duas mulheres foi contada em detalhes pelo The New York Times nessa sexta-feira (13). A reportagem chama a atenção para o fato de que a analise paralela desses dois casos mostra como o coronavírus age de maneira diferente em cada organismo.

Sissi e Danjing: de profissionais da saúde a pacientes no caos de Wuhan

Xia precisou analisar um paciente com suspeita de coronavírus no dia 14 de janeiro e começou a sentir-se mal cinco dias depois. Exausta, ela tirou um cochilo e, ao acordar, estava com quase 39 graus de febre. Também sentia desconforto para respirar. A médica correu para o hospital e foi constatado que apresentava danos no pulmão.

Danjing começou a ter os sintomas algumas semanas depois. Primeiramente, sentiu náusea após jantar. Ela achou que isso tinha a ver com a exaustão provocada pelo trabalho. A enfermeira estava participando de uma força-tarefa para ensinar métodos de prevenção aos moradores de Wuhan. Em casa, ela sentiu-se meio tonta e tirou um cochilo. Acordou com 37,8 de febre.

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Danos no pulmão também foram constatados por exames, mas já não haviam leitos disponíveis na cidade e Danjing isolou-se num quarto de hotel para não infectar a família. Após a confirmação de que ela havia contraído coronavírus, a enfermeira conseguiu ser internada num hospital. Àquela altura, Xia teve uma melhora e chegou a fez dois testes de coronavírus que deram negativo.

Em contrapartida, Danjing foi uma paciente que ficou muito mal logo após ser hospitalizada. No quarto dia de internação, sofria com vômitos, diarréia e tremores. A febre estava em 38,5 e os remédios para baixa-la não surtiam efeito. Ela foi avisada de que seu quadro havia sido classificado como crítico. Também começou a ter a impressão de que estava alucinando, não conseguia sentir sabores e cheiros e seus batimentos cardíacos diminuíram para 50 por minuto.

A enfermeira tinha motivos para estar preocupada. Apenas 5% dos pacientes chineses de coronavírus foram classificados como críticos. Desses, 49% morreram.

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A médica Xia, apesar de ter tido uma melhora rápida durante sua internação, também sentia medo de morrer. Mesmo assim, gradativamente foi ficando otimista, especialmente depois de testar negativo para o vírus. Só que, de repente, o quadro dela piorou muito.

No caso de Danjing, ela começou a recuperar-se depois de uma semana de internação. Dez dias depois disso, ganhou alta e foi orientada a ficar duas semanas isolada em casa. Seguindo os protocolos a risca, ela se recuperou sem sustos. 

Xia, por outro lado, não teve a mesma sorte. No dia 7 de fevereiro, o coração da médica parou de bater e ela foi entubada. Com a ajuda de aparelhos, os batimentos voltaram, mas os pulmões estavam lesionados demais. O cérebro passou a ficar sem oxigênio e logo os rins pararam de funcionar. Xia foi, então, submetida à diálise. Em coma, ela morreu no dia 23 de fevereiro – cerca de um mês depois de ser hospitalizada.

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Segundo o The New York Times, o médico responsável por Xia, Peng Zhiyong, está até hoje perplexo e especialistas não conseguem desvendar o que de fato aconteceu para que, aos 29 anos, essa paciente morresse em decorrência do coronavírus. Existe a suspeita de que o organismo de Xia tenha sido comprometido por estar em contato constante com doenças.

Além de Xia, Danjing também tinha contato diário com pessoas doentes. Mesmo assim, seu organismo reagiu de maneira muito diferente ao vírus. O triste desfecho da história de Xia Sisi é um quebra-cabeça para os profissionais que estudam o coronavírus e reforçam a complexidade da pandemia.

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