Baby blues: entenda o que é, sintomas e tratamento
Até 50% das mães sofrem do problema que abala suas emoções e transforma o choro em algo rotineiro
No aniversário de 30 anos, a engenheira Paula Macedo resolveu que iria engravidar. Foram dois anos de tentativa até enxergar os dois tracinhos no teste de farmácia. “Pulei de alegria”, recorda. A gestação foi tranquila, com poucos dias difíceis, mas o cenário mudou bastante depois da chegada do bebê. “Eu sentia uma angústia profunda e chorava inconsolavelmente”, lembra ela, que depois descobriu ter baby blues, também chamado de tristeza pós-parto.
Baby blues é uma alteração de humor que ocorre nos primeiros dias depois do parto e chega a afetar até 50% das novas mães, segundo a obstetra Karen De Pauw. “Sensação de incapacidade, medo de errar e a própria angústia aparecem nesse quadro.” E os principais sintomas são tristeza, instabilidade emocional e choro fácil, além de dificuldade para dormir e ansiedade.
A diminuição abrupta dos hormônios está associada ao distúrbio. “Com a retirada da placenta, os hormônios que ela produz caem de uma vez, algo rápido, mas que impacta os primeiros dias do pós-parto”, explica a especialista. O tempo, inclusive, é um dos fatores para diferenciar esse problema da depressão pós-parto, que acontece por um período maior. Além disso, ao contrário de quem tem este último, pessoas com baby blues conseguem se divertir e socializar, por ser mais oscilante e leve do que o primeiro.
Qualquer um está sujeito ao problema, porém o diagnóstico não chega para todas. ”Mulheres com baixo poder aquisitivo possuem menos acesso a médicos e informação, fazendo com que muitas sequer saibam da existência do problema”, explica, e segue: “Para elas, a lógica do ‘isso é frescura’, infelizmente, prevalece.”
O tratamento do baby blues é feito com base nos sintomas, por ser transitório e depender de cada caso, afirma a obstetra. Não existe prevenção, por estar ligado a retirada da placenta. “Mas, se a gente avisa a paciente, fornece as informações importantes antes disso acontecer, conseguimos ter uma abertura maior no futuro para que ela faça o tratamento, porque muitas vezes elas se sentem culpadas por sentirem aquilo e, sem saber que é comum, deixam de falar”, esclarece Karen.
O cuidado se faz ainda mais importante ao considerar o que ocorre com pacientes que não recebem tratamento. “Existem mulheres que se suicidam, por isso, entre outros fatores, muitas maternidades possuem grades ou travas nas janelas”, pontua a médica, e finaliza: “É uma doença que precisa ser falada e tratada, todos precisamos saber.”
Paula Macedo, que recebeu os devidos cuidados no começo, não deixa negar. “Foi muito importante para eu entender minhas emoções, superar o baby blues e ter uma relação saudável com meu filho”, diz ela.