Preste a completar 1 ano, menina nascida em São Paulo é a primeira criança do mundo a nascer de útero doado por uma mulher falecida. O procedimento foi realizado por uma equipe do Hospital das Clínicas da USP e foi relatado em artigo publicado na última terça (4) no The Lancet, prestigiada revista científica sobre medicina.
A mulher, que pediu para não ser identificada, descobriu que tinha nascido sem útero aos 25 anos por conta da síndrome Mayer-Rokitansky-Küster-Hausere. Por isso, achava que nunca teria filhos de forma natural. Uma esperança surgiu quando ela conheceu um grupo de apoio a mulheres com o problema que tiveram transplantes de útero bem sucedidos na Suécia. Ainda assim, achava improvável que a técnica chegasse ao Brasil antes que terminasse seu ciclo fértil.
Os médicos Dani Ejzenberg e Wellington Andraus, do Centro de Reprodução Humana do HC da USP, foram justamente para a Suécia fazer um curso com Mats Brännström, médico que esteve no comando desse tipo de procedimento na universidade da cidade.
Ao regressarem ao Brasil, os profissionais brasileiros, que já tinham iniciado estudos na área por meio de ovelhas, começaram os acordos para realizar as primeiras operações em humanos. A diferença – crucial – seria que os úteros viriam de mulheres falecidas. Outros transplantes com doadoras mortas já haviam sido realizados, mas nenhum bebê tinha nascido até então.
Histórico, este é mais um caso para a conta do pioneirismo brasileiro quando o assunto é transplante. Foi no país onde aconteceu o primeiro transplante de fígado entre pessoas vivas. Aqui também houve um dos primeiros transplantes de coração do mundo.
Para os médicos, o procedimento representa não apenas um tratamento para a infertilidade, mas também uma melhora da qualidade de vida das pacientes. “A adoção é uma opção para ter um filho, mas não é uma opção para ter um filho biológico. E tem gente que faz questão. A barriga de aluguel não está disponível para todas as mulheres. A mulher que quer ser mãe muitas vezes quer engravidar também, porque faz parte do processo. É difícil julgarmos a opção de cada um”, disse Wellington Andraus em entrevista ao G1.
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