Brinquedos anti-stress funcionam? Psiquiatra responde
Bolinhas para apertar, pop-it, infinity cube, fidget toys… Será que eles realmente ajudam a reduzir o estresse?
O que não faltam são brinquedos anti-stress no mercado, desde as clássicas bolinhas de apertar até os modernos ‘pop-it’ — que prometem, além de aliviar o estresse, melhorar os reflexos e estimular a memória de forma atrativa. Mas será que esses produtos realmente funcionam? E até que ponto é saudável experimentar sentimentos negativos e descontá-los em objetos?
A seguir, a psiquiatra Danielle Admoni, pesquisadora e supervisora na residência de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM) responde a essas e outras dúvidas:
Brinquedos anti-estresse funcionam?
Em partes, sim. De acordo com Danielle, apesar desses brinquedos não solucionarem por completo a ansiedade ou o estresse crônico, eles definitivamente nos ajudam a aliviar sentimentos negativos e desviar o foco de pensamentos angustiantes.
“Muitas pessoas, ao sentirem ansiedade ou preocupação, tendem a roer unhas, morder os lábios, arrancar o cabelo, tirar casquinhas. Então, os objetos anti-stress acabam funcionando como uma válvula para não descontarmos o estresse em nós mesmos”, acrescenta.
Além disso, a própria questão estética desses itens, que possuem cores chamativas e consistência agradável, acabam nos dando uma sensação de bem-estar momentâneo.
“Realizar atividades mecânicas nos ajuda a desviar o foco dos problemas. Então, ao invés de ficarmos remoendo algo angustiante, mudamos a atenção para apertar bolinhas em sequência e por aí vai”, afirma.
A psiquiatra reitera: tais brinquedos não devem ser considerados substitutos de um tratamento profissional. Contudo, em situações pontuais, podem ser bastante úteis.
“Lembra daqueles livros de desenho que costumavam ser bastante populares há alguns anos? Eles entram nessa mesma categoria de produtos que ajudam a desviar o foco.”
Quando o estresse deixa de ser normal?
Danielle Admoni afirma que, sempre que existir um prejuízo funcional (isto é, um prejuízo no funcionamento do indivíduo em diferentes áreas da vida), há a necessidade de buscar ajuda profissional.
Ela exemplifica: “Eu posso ficar estressada por ter um trabalho gigante para entregar, mas, após completá-lo, a vida deve voltar ao normal. Quando vivenciamos muitos sintomas de ansiedade sem um fator estressor específico, é necessário se atentar”, alerta.
Sintomas de estresse e ansiedade preocupantes
Segundo a psiquiatra, estes são alguns sinais que indicam que o nosso estresse está ultrapassando limites. Caso experimente um ou mais sintomas, considere buscar ajuda especializada:
- Não dormir direito
- Cansaço constante
- Irritação contínua
- Conflitos frequentes com familiares e amigos
- Baixo rendimento no trabalho