Uma menina de nove anos, chamada Ella Adoo-Kissi-Debrah, sofreu um ataque de asma que levou ao seu falecimento em 2013 e se tornou, sete anos depois, a primeira pessoa do Reino Unido a ter, oficialmente, a poluição do ar como a causa de sua morte. A decisão foi tomada na última quarta-feira (16), após a conclusão de um inquérito em um tribunal de Londres.
Ella morava próximo a uma estrada no sudeste de Londres e morreu em fevereiro de 2013, após ter sofrido vários ataques e ter sido levada ao hospital ao menos 30 vezes no período de três anos.
O legista Philip Barlow, do tribunal de Londres, alegou que a poluição do ar agravou significativamente a asma de Ella, acrescentando que ela havia sido exposta a níveis de dióxido de nitrogênio e partículas que excediam as diretrizes da OMS (Organização Mundial da Saúde). Barlow também apontou uma “falha em reduzir os níveis de NO2 para dentro dos limites estabelecidos pela União Europeia e pelas leis nacionais”.
No Twitter, a fundação The Ella Roberta Family Foundation, criada pela mãe de Ella, Rosamund Adoo-Kissi-Debrah, fez uma publicação agradecendo as mensagens de apoio. “Hoje foi um caso marcante, uma luta de 7 anos resultou na poluição do ar sendo reconhecida na certidão de óbito de Ella. Esperançosamente, isso significará que mais vidas de crianças serão salvas”, declarou Rosamund.
Today was a landmark case, a 7 year fight has resulted in air pollution being recognised on Ella’s death certificate. Hopefully this will mean mean many more children’s lives being saved. Thank you everyone for your continued support. pic.twitter.com/02iNxVgmRd
— The Ella Roberta Family Foundation (@rosamund_ElsFdn) December 16, 2020
Em 2014, um primeiro inquérito sobre a morte de Ella havia decidido que sua morte foi decorrência de uma síndrome respiratória aguda, mas o tribunal anulou a decisão em 2019. Agora, o segundo inquérito concluiu que ela “morreu de asma causada pela exposição à poluição do ar excessiva”.
Segundo a OMS, os efeitos da poluição do ar matam cerca de 7 milhões de pessoas no mundo a cada ano. Especialistas jurídicos e de saúde saudaram a decisão como um marco para a Grã-Bretanha.
Em seu perfil no Twitter, Sadiq Khan, prefeito de Londres, pediu que a conclusão sobre a morte da garota seja “um ponto de virada, para que ninguém mais sofra o mesmo desgosto que a família de Ella”. O combate à poluição do ar é uma das principais bandeiras de sua gestão.
Toxic air pollution is a public health crisis. Today it was confirmed to have played a role in the tragic death of 9-year-old Ella Adoo-Kissi-Debrah. This must be a turning point, so that no one else has to suffer the same heartbreak as Ella’s family.pic.twitter.com/AeYx1VKdLJ
— Sadiq Khan (@SadiqKhan) December 16, 2020