Identificada a princípio na Índia, a variante Delta do novo coronavírus tem se manifestado de forma atípica em comparação com os sinais comumente observados até então em pessoas infectadas com Covid-19.
Os sintomas clássicos, tal como tosse, febre e perda de olfato e paladar, se tornaram menos comuns. Com a nova cepa, dor de cabeça, dor de garganta e coriza são os sinais mais relatados por indivíduos contaminados pelo coronavírus no Reino Unido, onde a variante Delta é predominante e responsável por 90% dos casos.
“O fato dos sintomas serem semelhantes ao de uma gripe comum dificulta o monitoramento”, alerta a médica e infectologista Keilla Mara Freitas, formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Algumas pessoas podem achar que estão com resfriados e não procuram ajuda médica. Nesse meio tempo podem contaminar outras pessoas.”
A variante, que é mais transmissível do que outras já identificadas, também desperta maiores preocupações pela forma como atua, como explica a infectologista. “Elas geram um pico inflamatório em média mais tardio que a original. Se antes víamos a maioria dos casos com uma piora inflamatória entre o 7° e 10° dia, agora vemos casos nos quais o pico da inflamação ocorre entre os dias 10 e 12 de evolução da doença”, aponta a especialista.
Como diferenciar Covid-19 de resfriado?
Ainda que seja complexo para a pessoa infectada com a nova variante identificar se os sintomas estão atrelados à Covid-19 ou a um simples resfriado, a médica indica que é indispensável observar o surgimento de outros sintomas, além da dor de cabeça, coriza e dor de garganta.
“É importante ficar atento ao cansaço repentino, diarreia e queda de oxigenação, que não necessariamente serão acompanhados da falta de ar. E lembrem-se, mesmo quadro leves e sugestivos de resfriado comum podem ser de coronavírus, inclusive em pessoas já vacinadas.”
A febre, que é um dos fatores que permanecem comuns aos sintomas atrelados ao coronavírus, também é crucial para identificar se ouve o contágio ou não.
“O ideal é na presença desses sintomas se isolar e testar”, aconselha Keilla. “Realizando o teste assim que sentir qualquer sintoma de coriza, dores de cabeça ou garganta, o processo de isolamento pode ser iniciado, dependendo do resultado, para não contaminar os demais”, aponta.
No entanto, em casos de falta de ar, o conselhável é procurar ajuda médica, visto que é o sintoma mais agressivo nos estágios iniciais da doença e o responsável por levar grande parte dos infectados a óbito.
Dicas básicas que estão inseridas no nosso contexto desde o início da pandemia, como distanciamento social, uso de máscara e higienização constante das mãos, seguem cruciais, assim como a vacina. “É fundamental se vacinar assim que puder. Esta é a única maneira segura de convivermos com o vírus enquanto sociedade sem ver casos de colapso na saúde”, finaliza.