Um novo estudo divulgado pela Radiological Society of North America (RSNA) nesta segunda-feira (22) demonstrou que os dispositivos anticoncepcionais intrauterinos (DIU) hormonais parecem ter efeitos generalizados no corpo semelhantes aos da terapia de reposição hormonal.
Programada para ser apresentada na próxima semana no encontro anual da RSNA, a pesquisa tem como base ressonâncias magnéticas da mama.
Usado por milhões de mulheres no mundo, o DIU hormonal é um dispositivo anticoncepcional que libera pequenas quantidades do hormônio levonorgestrel no útero, o que significa que a quantidade na corrente sanguínea é menor do que com outros métodos hormonais, por isso tão optado pelo público. Esse tipo de dispositivo é comercializado com o nome de DIU Mirena
Em teoria, os efeitos colaterais do contraceptivo seriam limitados e confinados à região ao redor do útero, onde atua o dispositivo. No entanto, de acordo com Luisa Huck, médica residente em radiologia do Departamento de Radiologia Diagnóstica e Intervencionista da RWTH Aachen University em Aachen, Alemanha, os resultados do estudo “sugerem que isso não é verdade”.
O estudo
Christiane Kuhl, pesquisadora líder em câncer de mama e chefe do Departamento de Radiologia da RWTH Aachen University notou que mulheres que fazem uso do DIU costumam mostrar maior realce do tecidos mamários nas ressonâncias magnéticas de mama com contraste. O realce do parênquima de fundo, como também é chamado o tecido, é um marcador sensível dos níveis hormonais.
Com base na observação de Christiane, Luisa Huck e colegas começaram a investigar a possível associação entre o uso do DIU e o realce dos tecidos demonstrados nas ressonâncias.
Utilizando o banco de dados do hospital, os pesquisadores identificaram mulheres na pré-menopausa, sem um histórico pessoal de câncer de mama ou ingestão hormonal, que se submeteram a ressonância magnética de mama com contraste dinâmico pelo menos duas vezes.
Metade das mulheres no estudo fez o primeiro exame de ressonância magnética das mamas antes da colocação do DIU e o segundo com o DIU colocado. A outra metade fez sua primeira ressonância com colocação de DIU e a segunda após a remoção do DIU.
A análise mostrou que o uso do método levou a um aumento significativo de realce em 23 de 48 pacientes, indicando que há efeitos hormonais causados pelo uso do dispositivo que ocorrem muito além do útero.
“Os resultados sugerem que os DIUs não têm um efeito puramente local, mas afetam todo o corpo”, afirmou Luisa, que ainda acrescenta que é plausível que o método possa ter efeitos colaterais semelhantes aos de outros tratamentos hormonais.
Apesar dos resultados que apontam que os efeitos colaterais são generalizados, a médica enfatiza que as análises não apontam que “o uso do anticoncepcional não seja seguro”.