A atriz, escritora e roteirista Fernanda Young morreu aos 49 anos no último domingo (25), devido a uma crise de asma seguida de parada cardíaca. Asmática desde a infância, ela era parte dos 15% a 20% dos brasileiros que sofrem com a doença, de acordo com dados do Global Asthma Report divulgados em 2018.
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Agora Fernanda integra uma outra estatística: a das vítimas da asma. Segundo levantamento disponibilizado pelo Datasus no mesmo ano, no Brasil, ao menos uma pessoa morre em decorrência de complicações asmáticas a cada 18 horas. Além disso, menos de 13% das pessoas acometidas pela doença a tem sob controle, o que pode levar a crises fatais.
A seguir, o Dr. Pedro Bianchi, professor livre-docente associado da Faculdade de Medicina da USP e presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia Regional São Paulo, explica o que caracteriza a asma, seus riscos e como tratá-la. Confira:
O que é a asma
Causada por uma inflamação das vias aéreas inferiores, a asma é uma doença que pode se manifestar de diversas formas, sendo a alérgica a mais conhecida, que se desencadeia ainda na infância ou na adolescência. “No tipo alérgico, há uma resposta exagerada do sistema imunológico de defesa contra proteínas de animais e plantas que, a princípio, seriam inócuas para os seres humanos”, explica o médico.
Tais proteínas – que podem vir de ácaros, pelos de animais, fungos, mofos, pólen, entre outras substâncias – causam uma inflamação nas vias e, consequentemente, seu fechamento, criando uma obstrução do fluxo aéreo. A partir disso, surgem os sintomas mais característicos da asma: falta de ar, tosse, chiado e aperto torácico.
A asma também pode surgir na vida adulta, em geral por volta dos 40 anos. A causa desse desenvolvimento tardio ainda é desconhecida, e os especialistas suspeitam, entre outras coisas, de fatores como poluição e infecções por vírus, como resfriado.
Perigos e tratamentos
Em crises graves, quando os brônquios são obstruídos, a respiração e a oxigenação do corpo ficam comprometidas, podendo levar a uma arritmia cardíaca seguida de parada. “O coração começa a bater exageradamente para compensar a falta de oxigênio e o paciente pode ter até mesmo um infarto”, diz Bianchi.
É preciso então fazer uso de broncodilatadores, que abrirão as vias aéreas, aumentado seu calibre e permitindo que a pessoa volte a respirar normalmente. Mas além do tratamento rápido, também é necessário desinflamar os pulmões, retirando o que causou a crise. Para isso, a equipe médica que atende o paciente pode acrescentar corticoides à medicação.
“Uma pessoa que sofre com o problema frequentemente não pode tratar apenas a crise. As inflamações das vias aéreas são como machucados, que precisam de cicatrização. E, com o tempo, uma obstrução que era reversível pode se tornar cada vez mais grave, levando a uma perda progressiva das funções pulmonais. Então tem que ter um tratamento que a gente chama de manutenção, para evitar que as crises se repitam constantemente”.
Tratamento este que é feito com remédios a base de corticoides e aplicados por via inalatória para atingir apenas as áreas necessárias, evitando assim efeitos colaterais desnecessários. Em suma, são as famosas “bombinhas”.
Bianchi reforça o quanto o cuidado constante é fundamental para evitar que a doença se agrave e leve ao óbito. “Antigamente, o número de mortes era quatro vezes maior. Nos últimos vinte anos, com remédios e tratamentos adequados, melhoramos muito. Mas ainda há muitos pacientes que tratam apenas as crises”.
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