Klara Castanho, a intérprete de Paulinha na novela Amor à Vida
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A pequena Paulinha (Klara Castanho), da novela Amor à Vida, descobriu em capítulo da semana passada que tem lúpus, uma doença autoimune que pode afetar qualquer parte do corpo. No caso da personagem, a parte comprometida foi o fígado e ela vai receber um pedaço do órgão transplantado de sua mãe, Paloma (Paolla Oliveira). Mas a cirurgia não será o fim da luta de Paulinha contra a doença porque o lúpus eritematoso sistêmico, como é chamado pelos cientistas, não tem cura. Quem sofre com ele passa a vida se tratando para remediar os sintomas e encontrar a melhor maneira de conviver com eles, como a cantora Lady Gaga, a apresentadora Astrid Fontenelle e o músico Seal.
A doença é inflamatória: o sistema imunológico do doente fica confuso e produz anticorpos que atacam células e tecidos de seus próprios órgãos, provocando a inflamação. Em situações mais graves e raras (menos de 1% dos casos), o mal pode levar a alucinações e comportamentos psicóticos. A evolução da doença é imprevisível, com períodos de sofrimento e melhoria se alternando constantemente.
Embora seja conhecido desde a Idade Média, o lúpus permanece cercado de enigmas. Sabe-se, por exemplo, que 90% das vítimas são mulheres, e que 80% delas desenvolvem a doença entre os 15 e os 45 anos. Por quê? A ciência ainda não encontrou a resposta.
Outro mistério: nos EUA, onde as pesquisas sobre a moléstia são as mais avançadas, a incidência é muito maior em populações com características étnicas específicas, como negros e descendentes de asiáticos. Em outras partes do mundo, porém, não há dados que indiquem maior vulnerabilidade deste ou daquele grupo. “Em quase 20 anos de acompanhamento de casos, não conseguimos comprovar aqui as mesmas estatísticas verificadas pelos americanos”, afirma Ricardo Machado Xavier, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Os cientistas acreditam que a doença tenha um componente genético em sua origem, já que é comum o registro de múltiplos casos dentro de uma mesma família. Na novela, César, interpretado por Antônio Fagundes, conta que uma tia distante de Paulinha teve lúpus.
“Acreditamos ainda que a alta exposição aos raios ultravioleta e o uso de contraceptivos orais tornem o indivíduo mais suscetível ao lúpus”, avisa a imunologista Myrtes Toledo Barros, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Por isso, protetor solar nunca é demais. E por isso também mulheres com histórico familiar da doença devem fazer uso de anticoncepcionais de baixa dosagem.
A opção mais branda para contornar a doença são os anti-inflamatórios. Para as crises mais intensas, são prescritos corticoides que, embora sejam mais eficazes contra a inflamação, provocam efeitos colaterais como obesidade e diabete.
“Quando necessário, apelamos para drogas como o metrotexato e a cloroquina, que modulam a resposta imunológica, e para os imunossupressores, que, como o próprio nome sugere, reduzem a atividade do sistema de defesa”, explica a especialista Myrtes Barros. A questão é que esses últimos medicamentos baixam a guarda do organismo, deixando-o à mercê de infecções oportunistas.
Quando nada disso resolve, ainda é possível lançar mão de uma classe de remédios classificados como anticorpos monoclonais. “Eles agem em alvos específicos, reduzindo reações indesejáveis. No caso do lúpus, o objetivo é bloquear o TNF-alfa, substância inflamatória produzida pelas células imunes”, ensina o médico Luis Eduardo Andrade.
*Com informações da SUPERINTERESSANTE e SAÚDE