Em fase avançada da gravidez, Meghan Markle continua cumprindo seus compromissos com toda elegância, sempre equilibrada em seus saltos finos e altíssimos. E a pergunta que não quer calar é: grávida pode usar salto?
Poder até pode, mas os médicos não costumam recomendar. Os motivos para essa precaução são o risco de queda, de torções e agravamento das varizes.
“A gestante apresenta uma certa frouxidão nos ligamentos devido às mudanças hormonais. Isso quer dizer que as articulações ficam mais propensas a entorses, por exemplo. Outro ponto importante é que, devido à mudança do centro de gravidade do corpo que acontece com as gestantes, a coluna lombar fica sobrecarrecagada, e o uso de salto é um fator a mais de sobrecarga nessa região, o que pode levar a dores lombares. Já do ponto de vista vascular, no período gestacional aumenta muito a incidência de varizes. O uso de saltos altos por longos períodos pode agravar alguns sintomas comuns à doença varicosa”, relata Andréa Klepacz, cirurgiã vascular.
Mas é fato que muitas mulheres não se sentem bem com rasteirinhas, então aqui vai uma alternativa: saltos baixos e médios, de 3 a 5 cm, e grossos. “Eles proporcionam conforto e mantêm a estabilidade das pisadas”, diz a dra. Andréa.
E não há um prazo para tirar o saltão de cena. É preciso saber que com o passar do tempo, com o aumento da barriga, os sintomas vão se acentuando. Aí, a decisão de trocar o salto vai do seu (des)conforto!
Entendendo a questão vascular
Segundo a cirurgiã vascular Ana Paula M. Pires, os músculos da panturrilha são considerados o coração das pernas, os principais responsáveis pelo bombeamento do sangue nas veias. “Esse bombeamento se dá por meio do movimento do tornozelo, levando à contração e relaxamento dos músculos da panturrilha. Quando usamos salto alto (maior que 7 cm), esse movimento do tornozelo fica limitado e a panturrilha fica contraída, não permitindo o bombeamento das veias, contribuindo para sintomas como dor e edema”, explica.
O fator agravante é que, na gravidez, o volume sanguíneo na mulher aumenta em até 40%, além do aumento do volume abdominal, levando à compressão fisiológica das veias pélvicas, que dificulta o retorno venoso. Por isso os inchaços e as dores nas pernas. “Se limitarmos o bombeamento devido ao uso do salto, esses sintomas se agravarão”, alerta Ana Paula.
Andréa Klepacz e Ana Paula M. Pires são cirurgiãs vasculares e membros da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV).