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Como vencer o medo da solidão?

O medo que parece singular, na verdade, é uma realidade quase que universal. Veja dicas para superá-lo

Por Da Redação
23 fev 2021, 13h25
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  • Quem tem medo da solidão? Essa é uma pergunta que pode ser respondida com base nos dados de uma pesquisa realizada em 2017. O estudo aponta que 42% das mulheres da geração Y [nascidas entre 1980 e o final da década de 90] têm mais medo da solidão do que de um diagnóstico de câncer. Isso de alguma forma é confortante, por saber que o medo que parece singular, na verdade, é uma realidade quase que universal. 

    Outro conjunto de estudos também aponta outro dado alarmante. A solidão crônica pode ter os efeitos colaterais de fumar 15 cigarros por dia.

    A pandemia da Covid-19 trouxe ainda mais à tona esse sentimento, fortalecido pelo isolamento forçado. Em meio à crise global, o medo de ficar sozinho pode parecer especialmente real. 

    No entanto, a solidão não é tratada com um remédio único, ela é vista e enfrentado por cada pessoa de uma forma diferente.

    Por que temos medo de ficar sozinhos?

    Somos seres sociáveis e ansiamos por proximidade. A necessidade de interação é uma construção social e histórica.

    Desde a Pré-História, nas civilizações mais antigas, a solidão era um estímulo biológico para voltar para uma tribo, onde você teria proteção”, disse Ben Pleat, o fundador do Cobu , uma plataforma de construção de comunidade, à revista Glamour.

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    Até cerca de 200 anos atrás, o tédio e a solidão eram considerados exclusivos da burguesia, porque a classe trabalhadora estava sempre ocupada, como aponta a pesquisadora Kyla Sokoll-Ward, na mesma reportagem. No entanto, depois chegou-se à conclusão de que solidão é solidão, independente da classe. Quando estamos sozinhos, estamos solitários. 

    Além da solidão física, que consiste em estar realmente sozinho, existe ainda a sensação de solidão acompanhada,  que é o que acontece nos relacionamentos amorosos. Mais da metade (60%) das pessoas casadas expressam regularmente o sentimento de solidão.

    A solidão é um ciclo vicioso. Quando você está sozinho, você se sente isolado, o que só o faz se sentir mais sozinho. Por sua natureza, a solidão nos diz que deve haver algo errado conosco e ninguém mais se sente assim, segundo Sokoll-Ward. Quanto mais optamos por não olhar para a solidão, mais ela vai tomar conta de nossas mentes e nos impedir de sermos nós mesmos, diz a especialista. Na reportagem, os especialistas indicam algumas estratégias para lidar com a solidão:

    1. Aproveite quando você é sua única companhia e transforme o momento em um tempo de qualidade

    Uma coisa difícil atualmente é se desligar do mundo por alguns momentos, ficando longe de notícias, mensagens, ligações e afins. O medo da solidão pode acarretar a necessidade de ficar o tempo todo conectado. No entanto, nosso corpo precisa de um momento “off“.

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    No momento em que estiver longe das tarefas de casa e do trabalho, invista nesse momento em que está sozinho em si mesmo. Medite, faça yoga, leia aquele livro que há tempos não consegue ler porque sua mente não para. Escolha atividades que valorizem o seu tempo e que simultaneamente te desliguem por um tempo das coisas que te deixam agitado ou acentuem sua sensação de solidão.

    2. Encontre alegria 

    Quando você era jovem, o que te trazia alegria?

    Para combater a sensação de solidão, esqueça a produtividade e tente se concentrar em fazer algo que simplesmente te faça feliz, como colorir ou cozinhar. Essas atividades podem parecer infantis, mas podem despertar a alegria com a qual perdemos contato.

    3. Seja um bom vizinho 

    A cura para a solidão pode nascer de uma conexão improvável.

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    Se você está se sentindo criativo e aberto, pode compartilhar isso com quem está mais perto de você neste momento de isolamento: seus vizinhos. Coloque-se à disposição para ajudar com as compras de mantimentos ou quando fizer uma receita gostosa, compartilhe. Fique atento a maneiras de ajudar. Fazer um ato de bondade pode ser edificante e pode levar a conexões mais profundas.

    4. Telefone para um amigo

    O “falar” tem o dom de curar.

    Quando você estiver se sentindo sozinho, entre em contato com um amigo que você sabe que pode dividir suas tristezas, amarguras e preocupações. Não precisa ficar no básico “feijão com arroz”, perguntando o que a pessoa está fazendo. Você pode ser mais direto e demonstrar que ligou porque realmente precisa conversar. Essa é também uma oportunidade dele dividir o que está sentindo.

    5. Fale com um estranho 

    Abrir-se para alguém fora de sua rede pode diminuir a barreira da vulnerabilidade e, hoje, isso pode ser feito facilmente, graças aos aplicativos de conversa que interligam diversas pessoas no mundo todo. Encontre alguém com quem tem interesse em comum e se distraia.

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    Agora, se você só precisa de alguém para ouvir, também existem aplicativos com pessoas empáticas dispostas a somente te escutar. Na pandemia também surgiram projetos como o Experiência de Escuta, criado pelo psicanalista Francisco Nogueira, em que uma equipe de voluntários, entre psicólogos e psicanalistas, se dispõe à escutar as pessoas. “Não se trata de terapia online, não é psicologia online. A proposta é de fazer um acolhimento com uma escuta técnica e duração de 30 minutos”, contou.

    6. Fale com um profissional 

    Uma terapia profissional pode ser uma forma de você abrir um leque de opções para um tratamento, dando início ao seu processo de aceitar e trabalhar a sua solidão e medos.

    Você não está sozinho, não é o único que se sente assim, seus sentimentos são válidos e há algo que você pode fazer. Vamos reivindicar a solidão como algo natural e usá-la para nos conectar a nós mesmos e uns aos outros de uma forma mais profunda e humana.

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