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O que é o Transtorno de Personalidade Borderline

Muito confundido com depressão e bipolaridade, ele atinge majoritariamente mulheres

Por Pamela Malva Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 16 abr 2024, 10h54 - Publicado em 10 ago 2018, 12h22
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  • O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) afeta cerca de 6% da população mundial, mas muitas vezes seus sintomas são confundidos com outras doenças. As principais consequências para o paciente com o transtorno são a automutilação, o uso de drogas e de álcool e, em casos extremos, tentativas de suicídio – sendo que até 10% deles chegam a se matar.

    Exatamente por ser pouco conhecida, ainda não existem números confiáveis sobre o TPB no Brasil e, geralmente, os pacientes são diagnosticados de forma errada, como casos de depressão ou de bipolaridade. O equívoco leva à medicação errada e ao tratamento ineficiente.

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    Conversamos com Beatriz Moura, psicóloga especialista em Borderline para definir melhor o transtorno. Segundo ela, o primeiro passo é conhecer a doença para, assim, identificar as melhores medidas a serem tomadas. Segundo a especialista, muitos países já possuem uma tecnologia que, a partir de exames de neuro-imagem, identificam a doença. Fora do Brasil, portanto, é muito mais fácil chegar a números sobre o transtorno, já que ele pode ser visto pelos médicos.

    No geral, o TPB é mais comum entre mulheres, afetando 75% das pacientes que apresentam distúrbios. Ainda que alarmante, o número mostra também um panorama de como os homens enxergam doenças mentais e seus tratamentos.

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    As mulheres normalmente buscam mais meios de cuidar da saúde mental, recorrendo a especialistas e buscando informação. No entanto, os homens tendem a não procurar ajuda e acabam respondendo ao transtorno com álcool e drogas.

    De acordo com Beatriz, o paciente com TPB tem mais incidência de comportamentos impulsivos e perigosos, distanciando-se ainda mais daqueles com bipolaridade, por exemplo. Essas emoções também oscilam muito mais durante o dia: são constantes, às vezes com espaço de tempo de 1 hora. “O paciente com Borderline é extremamente emotivo e explosivo. A mudança de humor é frequente. Em um momento ele é impulsivo, noutro está com raiva e logo em seguida sente felicidade”, afirma a psicóloga.

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    É por esses motivos, inclusive, que o paciente tem uma enorme dificuldade com relações interpessoais. As pessoas com o transtorno são muito intensas e instáveis, dificultando o convívio próximo com o paciente.

    Assim como nas relações, o paciente com o transtorno nem sempre sabe lidar com o êxito nas atividades que desempenha. Segundo Beatriz, chega a ser comum que eles abandonem ou destruam seus alvos e metas, justo quando eles se aproximam. “O paciente não tem uma vida social boa, ou um trabalho bom. E quando ele tem alguma experiência em qualquer um dos cenários, ele se sente angustiado porque nem tudo é o que ele imaginava que seria”, diz a especialista. Dessa forma, a pessoa não se sente capaz de desempenhar alguma função e acaba se sabotando.

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    Muitas vezes, isso acontece porque, dentro da cabeça do indivíduo com TPB, as coisas são muito confusas. Essa auto-sabotagem também pode ser vista nos relacionamentos amorosos – eles acham que não são dignos do amor de outra pessoa. Além de tudo, ainda temem o abandono e vivenciam sentimento crônico de vazio com frequência.

    A especialista explica que as causas do Borderline são diversas, desde genética até experiências emocionais precoces, como abuso na infância ou negligência grave na família. Esses indícios também são, na verdade, o que mais podem distinguir um paciente com Borderline de um paciente com Bipolaridade.

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    Por mais que esses sinais sejam indicadores de que algo está realmente errado, muitos pacientes acabam sendo rotulados como alguém que está querendo chamar a atenção. Mas, o que muitas pessoas às vezes não entendem, é que nem os próprios pacientes compreendem a si mesmos. Dessa forma, em casos extremos, eles se machucam para escapar da dor.

    “É importante que as pessoas vejam como um transtorno de personalidade. A pessoa não está fingindo. Ninguém consegue fingir por tanto tempo”, explica Beatriz. “Se uma mulher for diagnosticada aos 18, e não tiver o tratamento correto, ela ainda vai passar pelo transtorno até os 40. E isso é apenas uma média”.

    Por todos esses motivos e pela falta de conhecimento sobre o Transtorno de Personalidade Borderline, a especialista frisa a enorme importância de um tratamento conciliado entre o terapeuta e o psiquiatra. “Quem diagnostica no começo é o psiquiatra, é quem vai dar os remédios. Mas é a terapia que vai fazer com que a pessoa reconheça a doença dentro de si”, explica.

    É na terapia que o especialista vai psicoeducar o paciente, para que ele aprenda a lidar com as próprias emoções. É nesses momentos que se explica o que é o transtorno para o paciente e para a família. “É preciso que o paciente e os familiares tenham noção que a terapia é de suma importância, sem a terapia você não vai avançar”, diz Beatriz.

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    Pelo transtorno ser algo interno, os pacientes não sabem o que está acontecendo. Eles precisam saber todo o processo, desde o sistema nervoso até as incidências da impulsividade. Por isso é necessário que exista o acompanhamento de um profissional. Com as mulheres, inclusive, é importante saber o ciclo menstrual. Esse conhecimento explica o que a mulher estará sentindo, o porquê de ela estar mais nervosa ainda. O psicólogo, portanto, vai ajudar os pacientes a se sentirem acolhidos. E, segundo Beatriz Moura, existe um retorno muito bom depois do tratamento, com o conhecimento da doença e o acompanhamento.

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