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Acordou e não consegue se mexer? – Entenda a paralisia do sono

A paralisia do sono vem se tornando cada vez mais comum, mas será que a gente sabe mesmo do que se trata?

Por Adriana Marruffo
27 ago 2023, 10h56
Você já ouviu falar da paralisia do sono? Entenda mais a respeito do distúrbio do sono
Você já ouviu falar da paralisia do sono? Entenda mais a respeito do distúrbio do sono (cottonbro studio/Pexels)
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De Kendall Jenner a Whindersson Nunes, a paralisia do sono vem ganhando força nas redes sociais, com diversos depoimentos revelando o diagnóstico do distúrbio do sono. Você já pensou em acordar mas não conseguir mexer seu corpo na cama? Por mais tentativas que você faça, seu corpo está imobilizado, da cabeça aos pés, mas o cérebro continua consciente de tudo que acontece ao seu redor, o pavor tomando conta do corpo. É esse fenômeno que toma conta das pessoas diagnosticadas com o problema do sono, que para muitos continua sendo um grande mistério.

Para entender mais a respeito do distúrbio do sono que vem ganhando palco nas redes sociais e afetam o bem-estar, conversamos com Carla Picolli, psicóloga do sono e fundadora da Night Night Sleep na Austrália. Confira a seguir:

O que é a paralisia do sono?

“A paralisia do sono é um estado, ao acordar ou adormecer, no qual a pessoa está consciente, mas incapaz de se mover ou falar temporariamente”, explica a psicóloga do sono. Ela também conta que durante um episódio, a pessoa pode ter alucinações – ouvir, sentir ou, inclusive, ver coisas que não existem – o que geralmente a deixa com uma sensação de medo ou pavor. Os episódios de paralisia não duram mais do que alguns minutos, podendo ocorrer uma única vez ou várias vezes. 

“O principal sintoma que define a paralisia do sono é a atonia, ou seja, a incapacidade de mover o corpo ou falar. As pessoas também relatam dificuldade para respirar, pressão no peito, dor de cabeça intensa e emoções angustiantes, como pânico ou desamparo durante os episódios de paralisia do sono. Algumas pessoas também têm sensações de serem arrastadas para fora da cama ou de voar, dormência e sensações de formigamento elétrico ou vibrações percorrendo o corpo”, conta Carla sobre o distúrbio. 

Assim, ela explica que a condição pode ocorrer tanto em pessoas saudáveis – que jamais tiveram problemas de sono – famílias com alterações genéticas ou pacientes com narcolepsia, condição na qual o cérebro é impedido de controlar adequadamente os ciclos do sono.

Causas da paralisia do sono

Existem diversas causas que podem levar à paralisia do sono, dentre elas a higiene do seu sono
Existem diversas causas que podem levar à paralisia do sono, dentre elas a higiene do seu sono (Yuris Alhumaydy/Unsplash)
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Picolli destaca que existem diversos fatores que podem estar ligados à paralisia do sono, não estando ligada apenas ao estado emocional da pessoa. Os principais fatores associados ao aparecimento do distúrbio são:

  • Déficit de sono;
  • Mudanças no horário de dormir;
  • Condições mentais, como estresse ou transtorno bipolar;
  • Dormir de costas;
  • Problemas de sono, como narcolepsia;
  • Uso de certos medicamentos;
  • Abuso de substâncias;
  • Alterações genéticas.

“Uma das teorias em torno da paralisia do sono é que esta parassonia é um resultado da sobreposição disfuncional do sono REM e dos estágios de vigília do sono. Outra teoria é que as funções neurais que regulam o sono estão desequilibradas de tal forma que os diferentes estados de sono se sobrepõem”, comenta a especialista. Além disso, para alguns, episódios frequentes podem ser um indicativo de um distúrbio do sono subjacente, como apneia obstrutiva do sono, que leva o paciente a parar de respirar com frequência durante o sono.

Diagnóstico da paralisia do sono

Antes de chegar à conclusão de que temos paralisia do sono, é necessário passar por uma entrevista clínica e descartar outros possíveis distúrbios do sono que possam explicar os sintomas de paralisia – então vamos com calma! Por exemplo, Carla conta que em diversos casos pode ser difícil diferenciar entre a cataplexia ocasionada a partir da narcolepsia e a verdadeira paralisia do sono – por serem dois fenômenos fisicamente parecidos. “Os episódios de narcolepsia são mais comuns quando o indivíduo está adormecendo, já os episódios de paralisia do sono são mais comuns ao acordar”, aponta Picolli. 

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Mas será que é tão comum assim? “Entre 8% e 50% das pessoas sofrem de paralisia do sono em algum momento de suas vidas, e tanto homens quanto mulheres são afetados igualmente”, explica a psicóloga do sono. 

Tratamentos para a paralisia do sono

Existem diversos tratamentos para a paralisia do sono, entre eles a boa higiene do sono
Existem diversos tratamentos para a paralisia do sono, entre eles a boa higiene do sono (Andres Ayrton/Pexels)

Existem diversos tratamentos para a paralisia do sono, entre eles a boa higiene do sono.

“Um primeiro passo para o tratamento da paralisia do sono é falar com um médico para identificar e tratar os problemas subjacentes que podem estar contribuindo para a frequência ou gravidade dos episódios de paralisia do sono. Por exemplo, isso pode envolver o tratamento para narcolepsia ou para a apneia do sono”, recomenda Carla. Além disso, ela conta que quando não há outra condição clínica envolvida, um tratamento pessoal é melhorar a higiene do sono, desenvolvendo hábitos de sono saudáveis, o que também pode funcionar como forma de prevenção da paralisia.

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Existem várias técnicas de higiene do sono que você pode implementar na sua rotina para ter uma melhor qualidade de sono e, consequentemente, um descanso noturno mais reparador. Por exemplo, é importante estabelecer uma rotina: “Siga o mesmo horário para dormir e acordar todos os dias, inclusive nos finais de semana. Tenha um ritual do sono tranquilo que o ajude a relaxar antes de dormir”, recomenda Picolli. A especialista também recomenda:

  • Sem bebida antes da cama: “Reduza o uso de álcool 2 horas antes de dormir e cafeína, 10 horas antes de dormir”; 
  • Vamos assistir TV? Não!: “Remova as distrações, evitando TV e eletrônicos, pelo menos, 1 hora antes de dormir”;
  • Cuide do seu santuário do sono: “Um quarto escuro, livre de ruídos externos, com temperatura agradável e confortável é o ambiente ideal para dormir”.

Por que houve um crescimento do distúrbio?

No último ano, temos observado diversas discussões a respeito do crescimento de casos de paralisia do sono, especialmente em jovens. “Várias circunstâncias foram identificadas que estão associadas a um risco aumentado de paralisia do sono. Estes incluem insônia, privação de sono, um horário de sono irregular, estresse e fadiga física. E esses fatores são mais comuns na vida dos jovens, ocasionando uma maior incidência”, explica Carla Picolli, destacando que os episódios podem ocorrer com mais frequência na faixa dos 20 e 30 anos.

E você acreditaria que a posição na qual você dorme pode tornar você mais vulnerável a sofrer episódios de paralisia do sono? A especialista conta que dormir com a barriga para cima pode nos tornar mais vulneráveis a passar por esses episódios, independente de ter apresentado problemas do sono anteriormente ou não. “Nessa posição é possível que o palato mole colapse e obstrua as vias aéreas. Também há uma taxa maior de microdespertar durante o sono na posição de barriga para cima porque há uma quantidade maior de pressão sendo exercida nos pulmões pela gravidade”, explica. 

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O que fazer após um episódio de paralisia do sono?

Você sofre com episódios de paralisia do sono? Calma, você não está sozinha! Após um episódio, seja gentil consigo mesma e respeite as necessidades do seu corpo. “É comum sentir-se excessivamente sonolento ou cansado no dia seguinte à paralisia do sono. Então procure deitar um pouco mais cedo, realizando uma boa higiene do sono. Se hidrate bem e tenha uma alimentação balanceada”, recomenda Carla para quem sofre destes episódios. 

Como evitar episódios de paralisia?

Apesar de muitas vezes estar atrelado a outros distúrbios do sono ou uma má higiene do sono, Picolli aponta algumas recomendações para diminuir os riscos de possíveis episódios:

  • Durma o suficiente: “Os centros médicos recomendam que os adultos de 18 a 64 anos durmam de 7 a 9 horas por noite”; 
  • “Gerencie o estresse do dia a dia, seja com técnicas de respiração profunda, meditação ou atividade física”;
  • “Pegue sol e ar fresco durante o dia”;
  • “Faça uma atividade física, mas não 2 horas antes de dormir”;
  • “Evite cafeína após as 13:00, e reduza o consumo de álcool, evite-o 2 horas antes de dormir”; 
  • “Tenha um horário consistente de dormir e acordar”;
  • “Evite eletrônicos e TV, 1 hora antes de dormir”;
  • “Tenha um ritual do sono, iniciando com um banho morno, lendo ou ouvindo música suave e crie um ambiente de sono confortável, escuro e silencioso”, finaliza Carla. 

Mas o mais importante é ter certeza de ter uma boa higiene do sono, e ir ao médico assim que seja vista alguma anormalidade na sua rotina.

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