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Repelentes caseiros: médicos comprovam eficiência, mas não recomendam no combate ao Aedes aegypt

Fórmula com óleo mineral e cravo afasta os mosquitos

Por Ana Carolina Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 28 out 2016, 14h38 - Publicado em 10 dez 2015, 13h11
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  • O número crescente de casos de microcefalia associada a ocorrência do zika vírus, tem feito os repelentes desaparecerem rapidamente das gôndolas dos mercados. Em busca de alternativas mais naturais e livres de produtos químicos, muitas gestantes têm recorrido a receitas caseiras – que ainda contam com o benefício do custo reduzido.

    Chamadas de “repelentes dos pescadores”, essas fórmulas estão fazendo sucesso nas redes sociais.  Isto porque o repelente caseiro tem respaldo de muitos especialistas. A semente do cravo-da-índia e o capim citronela liberam uma substância chamada de ácido eugênico, responsável pelo odor característico. Esse aroma atrapalha o mosquito de sentir o cheiro da pele humana, interferindo na orientação do inseto, afirmam os especialistas.

    A fórmula caseira serve como alternativa econômica e natural para gestantes e crianças. “Não há contra indicação no uso em adultos, exceto aqueles que conhecidamente possuem alergia a essências. Também é melhor evitar o uso em menores de 2 anos”, aconselha o dermatologista Caio Rodrigues.

    A receita é simples e só leva três ingredientes: meio litro de álcool, 10 gramas de cravo da índia e 100ml de óleo mineral. Para preparar o composto pode-se usar todo tipo de óleo corporal: óleo infantil, mineral, de amêndoas, de citronela, de lavanda ou qualquer outro cujo aroma agrade.

    Em um recipiente escuro e bem vedado, coloque o cravo e o álcool. É importante que o frasco não deixe passar luz. Deixe curtir por cinco dias e adicione o óleo escolhido.  Aplique três gotas na palma da mão e espalhe nos braços e pernas. “Não é necessário aplicar grandes quantidades sobre a pele. Apenas algumas gotas já oferecem um resultado eficiente”, explica o fitoterapeuta Ricardo Gomes de Sá.

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    Quanto mais tempo a fórmula ficar descansando, mais eficiente será o resultado final.  “Se houver urgência na utilização, o ideal é preparar dois frascos separados. Um para ser usado após 24 horas e outro que deve descansar por no mínimo 15 dias. Durante este período, o frasco deve ser agitado duas vezes ao dia, para misturar bem os ingredientes”, disse o especialista.

    Vidal Haddad Junior, professor de dermatologia da Faculdade de Medicina de Botucatu (UNESP), passou alguns anos pesquisando a eficácia de repelentes e dá sua opinião sobre as fórmulas caseiras. “Participei de estudos com mosquitos criados em laboratórios. Na prática, os repelentes caseiros de cravo, andiroba e citronela não se mostraram totalmente ineficazes. Todos eles funcionaram de alguma forma”, explicou. A questão, no entanto, é usar as fórmulas caseiras como única prevenção para doenças como dengue e zika. “Uma coisa é usar um repelente para tomar menos picadas de mosquito. Outra, totalmente diferente, é usar um produto para não levar nenhuma picada. Afinal, uma picada é o suficiente para ser contaminado com o vírus. Essas fórmulas caseiras têm um efeito muito reduzido”, explicou o professor.

    O especialista, que confessa ter uma tendência naturalista, não recomenda o uso das formulas caseiras neste momento de surto do vírus zika. Enquanto, a fórmula de cravo e óleo mineral serve para afastar os mosquitos por cerca de 30 minutos, as versões industrializadas têm efeito de 2 a 4 horas.

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    O vírus zika e a microcefalia

    Os casos de microcefalia no Brasil aumentaram 41% na última semana, informou o Ministério da Saúde nesta terça-feira, durante uma coletiva de imprensa semanal que o órgão faz para atualizar os números da epidemia. Os casos já chegaram a 1.761, espalhados em 13 Estados e no Distrito Federal e 19 mortes de crianças já foram registradas, causadas, provavelmente, pela condição.

    O Governo anunciou que adotará novos critérios para considerar os casos suspeitos de microcefalia. Até o momento, eram contabilizados os bebês com perímetro cefálico menor ou igual a 33 centímetros e, a partir de agora, só serão incluídos na estatística de casos suspeitos os que nascem com 32 centímetros ou menos, medida adotada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

    A microcefalia é uma malformação congênita em que o cérebro do feto não se desenvolve de maneira adequada. Além de trazer risco de morte, a condição pode ter sequelas graves para os bebês que sobrevivem, como dificuldades psicomotoras (no andar e no falar) e cognitivas (como retardo mental). Na semana passada, o Governo federal afirmou que há uma correlação entre o aumento dos casos de microcefalia e o zika vírus, transmitido pelo Aedes aegypti, mosquito que também transmite quatro tipos de dengue e outra doença nova, a chikungunya.

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