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Saiba como se proteger da varíola dos macacos

Após a primeira morte ser confirmada no Brasil, as autoridades estão buscando formas de reduzir a transmissão da monkeypox

Por Kalel Adolfo
30 jul 2022, 11h45
Varíola dos macacos tem cura, mas os sintomas podem ser bastante desagradáveis.
Varíola dos macacos tem cura, mas os sintomas podem ser bastante desagradáveis.  (Uma Shankar sharma (Getty)/Reprodução)
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A “Monkeypox” — conhecida popularmente como varíola dos macacos — está deixando o mundo inteiro preocupado. Na última sexta-feira (29), o Ministério da Saúde confirmou a primeira morte provocada pela doença em território brasileiro. O paciente em questão era um homem de 41 anos imunossuprimido.

Por enquanto, há 1.066 casos confirmados no Brasil, sendo que São Paulo e Rio de Janeiro são os estados mais prejudicados pela doença, com 823 e 114 pessoas infectadas, respectivamente. Até o momento, o nosso país ocupa o sexto lugar na lista de locais com mais casos da varíola no mundo.

Em frente à intensa transmissão da doença, Claudia entrevistou Leonardo Weissmann, infectologista no instituto “Emílio Ribas”, em São Paulo, e diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia. O especialista dá mais detalhes sobre a doença, revelando como ocorre a contaminação e quais as melhores formas de se proteger. Veja a seguir:

Varíola dos macacos: o que é a doença?

De acordo com Leonardo Weissmann, a varíola dos macacos é uma infecção causada pelo vírus monkeypox, pertencente à família Poxviridae. Dessa família, também fazem parte os vírus da varíola convencional e vaccinia — a partir do qual a vacina contra a doença foi desenvolvida.

Como acontece a transmissão?

O infectologista explica que a transmissão pode ocorrer tanto de animais infectados para seres humanos como entre as pessoas. “A forma mais comum de ‘pegar’ acontece através do contato físico direto com lesões de pele de pessoas infectadas — seja por conta de um abraço, beijo, massagens, relações sexuais ou secreções respiratórias.”

Além disso, a infecção também pode acontecer por meio de secreções em objetos, tecidos (roupas, cobertores ou toalhas) e superfícies que foram utilizadas pelo doente. “Gotículas respiratórias com alcance menor que um metro também podem transmitir a varíola. E mais raramente, o vírus pode ser contraído pela placenta”, afirma Leonardo.

Sintomas de varíola dos macacos

Sintomas da monkeypox incluem febre, dores musculares e feridas espalhadas pelo corpo.
Sintomas da monkeypox incluem febre, dores musculares e feridas espalhadas pelo corpo. (kontekbrothers (Getty)/Reprodução)
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Segundo Weissmann, o período de incubação — intervalo entre o primeiro contato com o vírus até o início dos sintomas — da varíola dos macacos acontece, geralmente, de 6 a 13 dias após a infecção. Contudo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que o período também pode variar de 5 a 21 dias. Confira os sintomas:

  • Febre
  • Dor de cabeça intensa
  • Dores musculares
  • Dor nas costas
  • Fraqueza
  • Gânglios linfáticos aumentados
  • Lesões na pele que começam dentro de um a três dias após o início da febre

Feridas provocadas pela monkeypox

As lesões na pele — que fazem parte dos sintomas ‘clássicos’ da monkeypox — podem ser planas ou levemente elevadas, preenchidas com líquido claro ou amarelado. Logo em seguida, elas evoluem para crostas, secam e caem.

“Essas ‘feridas’ aparecem frequentemente no rosto, palmas das mãos e plantas dos pés. Porém, não é incomum serem encontradas na boca, genitais e olhos. Esses sintomas costumam durar por até quatro semanas e desaparecem espontaneamente, sem tratamento específico”, esclarece o infectologista.

O risco de pegar é alto?

Apesar do risco de contaminação ser alto, Leonardo revela que a monkeypox é mais fácil de ser controlada do que a Covid-19, já que a transmissão acontece principalmente através de pessoas sintomáticas.

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Qual é a letalidade da doença?

O médico explica que, na maioria dos quadros, as manifestações da doença desaparecem sozinhas em algumas semanas. Porém, recém-nascidos, crianças, gestantes e pessoas com o sistema imunológico enfraquecido podem vivenciar formas mais agressivas da doença — com possível evolução a óbito.

“Neste caso, as complicações do vírus trazem infecções bacterianas de pele — secundárias à contaminação pelo vírus —, pneumonia, contaminações cerebrais e infecções oculares que podem levar à perda da visão”, revela.

Como se proteger da varíola dos macacos?

A seguir, Leonardo Weissmann indica as principais formas de se proteger contra a doença — e reduzir sua transmissão:

  • Use máscara cirúrgica ao se aproximar de alguém com lesões (o mesmo vale para quem está com a doença);
  • Evite relações sexuais ou qualquer outro contato mais próximo com outras pessoas (beijo, abraço, massagem) que tiverem lesões ativas;
  • Não utilize objetos usados por um indivíduo sintomático (copos, talheres, roupas, roupas de cama, toalhas);
  • Limpe e desinfete superfícies frequentemente tocadas;
  • Higienize as mãos com frequência, tanto as pessoas com a doença quanto as pessoas que moram na mesma casa, após qualquer contato desprotegido com lesões ou superfícies contaminadas;
  • Evite aglomerações, pois são ambientes mais suscetíveis ao contato físico com outras pessoas;
  • Fique isolado sempre que tiver sintomas.

Por que os casos estão aumentando no Brasil?

Para Leonardo, a falta de informação confiável à população, acoplada à indisponibilidade de testes para a detecção da doença e a quase inexistência de medidas de saúde pública eficazes em todas as esferas (federal, estadual e municipal), agravam a situação no Brasil. “Espero que a resposta brasileira melhore após a Organização Mundial da Saúde definir a monkeypox como uma emergência global”, diz.

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Varíola dos macacos pode se transformar numa pandemia?

De acordo com o infectologista, é improvável que a monkeypox se transforme em uma pandemia tão grave quanto a COVID-19. “A infecção ocorre, principalmente, pelo contato íntimo. Doenças de transmissão respiratória, como o coronavírus, são muito mais transmissíveis”, declara.

Vírus não é exclusividade de pacientes LGBTQIA+

Apesar de muitos casos notificados terem sido identificados em homens que fazem sexo com homens, é imprescindível não estigmatizar a população LGBTQIA+. Tal atitude apenas contribui para a intensificação do preconceito contra as minorias.

Qualquer pessoa, independentemente de gênero ou orientação sexual, está suscetível à doença. Não podemos apoiar mensagens estigmatizantes”, reitera.

E a vacina?

Por fim, Weissmann revela que existem duas vacinas contra a monkeypox, mas até o momento, nenhuma está disponível no Brasil. “Um estudo realizado com uma delas, produzida por uma farmacêutica dinamarquesa, demonstrou eficácia de 85% na prevenção da varíola”, elucida. Mas até lá, precisamos redobrar a nossa atenção para evitar quaisquer tipos de contaminação.

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