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Síndrome de Hashimoto: o que é a doença que mexeu com Gigi Hadid

Esta doença autoimune ataca a tireoide, causa inchaço e cansaço e pode levar ao hipotireoidismo

Por Raquel Drehmer
Atualizado em 17 jan 2020, 08h28 - Publicado em 20 fev 2018, 23h50
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  • No meio das semanas de moda do Hemisfério Norte, onde está trabalhando sem parar, Gigi Hadid fez uma pausa para desabafar no Twitter sobre comentários que vinha lendo sobre seu corpo – a “acusavam” de estar magra demais – e revelar que sofre de síndrome de Hashimoto.

    “Para vocês que estão tão determinados a falar sobre por que meu corpo mudou ao longo dos anos, vocês podem não saber que quando comecei, aos 17 anos, ainda não havia sido diagnosticada com síndrome de Hashimoto; vocês, que me chamavam de ‘grande demais para a indústria’ estavam vendo inflamação e retenção de líquidos causadas por ela.”

    “Ao longo dos últimos anos, fui medicada adequadamente para tratar sintomas incluindo estes, assim como fadiga extrema, questões de metabolismo, habilidade corporal para reter calor etc… Também participei de um experimento medicinal holístico que ajudou minha tireoide a se equilibrar.”

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    “Embora o estresse e o excesso de viagens também possam afetar o corpo, sempre comi da mesma maneira, meu corpo apenas lida com isso de forma diferente agora que minha saúde está melhor. Eu posso estar ‘magra demais’ para vocês, honestamente tão magra assim não é como eu queria estar, mas me sinto mais saudável internamente e ainda estou aprendendo e crescendo com meu corpo todos os dias, como todo mundo.”

    Diante disso, é claro que nasceu uma curiosidade sobre a tal síndrome de Hashimoto. O que é isso? Por que Gigi tem? Qualquer pessoa pode ter? Como é esse tratamento de que ela fala? Conversamos com especialistas para esclarecer tudinho.

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    Principal causa do hipotireoidismo de origem da própria tireoide

    A síndrome de Hashimoto também é chamada de tireoidite de Hashimoto e sempre leva este nome próprio no final porque quem a descobriu, em 1912, foi o patologista japonês Hakaru Hashimoto.

    Trata-se de uma doença autoimune que ataca a tireoide. “Ou seja, é o próprio corpo que produz anticorpos contra a tireoide”, explica Maria Fernanda Barca, doutora em endocrinologia pela Faculdade de Medicina da USP e membro da SBEM – Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Ela complementa que uma pessoa pode ter a síndrome e manter a função da tireoide normal. Mas, quando isso não ocorre, a doença pode evoluir para o hipotireoidismo.

    Thyroid – Female Organs – Human Anatomy
    Para ficar mais fácil de entender: a tireoide é a glândula destacada em laranja (decade3d/ThinkStock)

    Juliana Garcia Dias, endocrinologista e clínica geral, membro da SBEM, complementa: “A síndrome de Hashimoto é a principal causa do hipotireoidismo de origem da própria tireoide. É como se o corpo não reconhecesse a tireoide como parte dele”.

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    Na prática, esses anticorpos podem causar uma inflamação da glândula, a chamada tireoidite linfocítica, e fazer surgir uma porção de sintomas desagradáveis.

    Suas causas são múltiplas, de genética e histórico familiar à exposição à radiação, passando pelo uso inapropriado de iodo. Maria Fernanda conta que alguns estudos associam a síndrome de Hashimoto a vírus que acometem a faringe, mas eles ainda são inconclusivos.

    Sintomas da síndrome de Hashimoto

    Segundo Maria Fernanda, os sintomas surgem lentamente e começam com queixas de cansaço, algum inchaço no corpo causado pela retenção de líquidos, palpitação, falta de concentração e falhas na memória. “Quando a pessoa percebe, está em uma fase de preferir ficar na cama, com sono, a fazer as coisas de que sempre gostou”, diz.

    Os sinais de alerta para a síndrome de Hashimoto não param por aí: Juliana acrescenta à lista as alterações no humor, no funcionamento do intestino, na fertilidade, na menstruação e mesmo na aparência dos cabelos e das unhas.

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    Se você notar esse conjunto de sintomas, não pense duas vezes e marque uma consulta em uma endocrinologista para investigar.

    Como a síndrome de Hashimoto é diagnosticada?

    Exames de sangue e de imagem são as melhores formas de diagnosticar a síndrome de Hashimoto.

    Os exames de sangue normalmente pedidos são o anti-tireoglobulina, anti-tireoperioxidase, TSH (hormônio que sobe quando há hipotireoidismo) e T4 livre (para checar hipo ou hipertireoidismo). Já o exame de imagem é a ultrassonografia de tireoide, para verificar se sua função está afetada.

    São exames bem simples e rápidos, feitos na maioria dos laboratórios e cujos resultados normalmente ficam prontos em até três dias úteis.

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    Scanning of a thyroid
    A ultrassonografia da tireoide é um dos exames pedidos para o diagnóstico da síndrome de Hashimoto (AlexRaths/ThinkStock)

    Mulheres são mais atingidas pela síndrome de Hashimoto

    Nós, mulheres, somos o principal alvo da síndrome de Hashimoto, assim como de todas as doenças autoimunes. O motivo é hormonal, como esclarece Maria Fernanda: “A testosterona protege o organismo contra as doenças autoimunes. É o hormônio masculino, está em nível 300 nos homens, contra um nível médio de 20 nas mulheres.”

    Síndrome de Hashimoto não tem cura, mas tem controle

    Doenças autoimunes não têm cura, mas podem ser tratadas e controladas continuamente.

    Na síndrome de Hashimoto, quando a função da tireoide é mantida, não é necessário partir para um tratamento medicamentoso. É feito um controle trimestral da glândula, por meio de exames de TSH e T4 livre, para verificar se tudo continua bem nesse sentido.

    Mas, quando há disfunção da tireoide, a paciente deverá tomar medicamentos hormonais para estabilizar esse funcionamento. O tempo para o efeito depende de cada caso, mas não costuma ser muuuito longo, não. Uma vez iniciado o tratamento, o organismo já começa a reagir positivamente e os sintomas começam a desaparecer.

    Justamente por isso que Gigi Hadid parece estar mais magra: o inchaço e a retenção de líquidos passaram, e ela “diminuiu” um pouco. O caso dela é um bom alerta para ficarmos sempre atentas aos sinais do corpo e nunca negligenciarmos as possibilidades de tratamento. Saúde é prioridade!

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