UTI neonatal: fundamental para o cuidado do bebê prematuro
12% das crianças nascem antes das 37 semanas de gestação no Brasil. Centros hospitalares com estrutura para dar suporte a esses bebês fazem toda a diferença
No início de outubro, o portal de registros civis brasileiro já somava quase 2 milhões de nascimentos somente em 2022.1 De acordo com o Ministério da Saúde, todo ano são computados em torno de 340 000 bebês prematuros no Brasil, o equivalente a 931 por dia, ou seis nascimentos prematuros a cada dez minutos.2
Uma gestação completa pode ter entre 37 e 42 semanas. E os bebês prematuros são, justamente, aqueles que nascem antes desse período. Quanto mais prematura for a criança, mais imaturos serão também os seus órgãos e maior será o risco de complicações, especialmente naqueles nascidos antes de 34 semanas de gestação.2
“Bebês que nascem com menos de 28 semanas de gestação são considerados prematuros extremos e podem apresentar perda de peso devido à dificuldade de alimentação e nutrição adequada, além de problemas respiratórios, risco de infecções e de complicações neurológicas”, conta o dr. Leonardo Nese, neonatologista do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN) Materno-Infantil, que faz parte da Dasa, maior rede de saúde integrada do Brasil, no Rio de Janeiro.
Para esses casos, a permanência em uma unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal é fundamental.2 “A UTI neonatal proporciona todo o suporte necessário para que o neném possa se desenvolver com saúde e segurança”, reforça o médico.
Meu bebê foi para a UTI. E agora?
As UTIs são espaços hospitalares voltados para pacientes que precisam de cuidados intensivos e constantes, sendo monitorados por uma equipe especializada composta por profissionais de diferentes áreas.3
No caso dos bebês, a função é a mesma: oferecer cuidados específicos e integrais, principalmente nas primeiras horas de vida, para definir o tratamento a ser seguido. “Por meio de exames, como hemograma, raio X de tórax, ultrassom, avaliação oftalmológica e hemogasometria arterial (que avalia a concentração de oxigênio no sangue), é possível detectar malformações ou complicações que tenham potencial para se transformar em problemas sérios”, afirma o dr. Nese.
Os pais são envolvidos em todo o processo. “Essa internação dura de acordo com as necessidades de cada criança, podendo variar entre dias e meses. E os pais podem permanecer junto do neném durante o tratamento. A mãe, inclusive, é encorajada a visitar a UTI neonatal para estimular a amamentação e estar sempre próxima do bebê.”
A importância da UTI neonatal
Além dos bebês prematuros, as UTIs neonatais também acolhem recém-nascidos que tenham outras alterações. E por isso é de extrema importância que esses centros de cuidado estejam preparados para receber os mais diferentes casos, com distintos níveis de gravidade.
A UTI neonatal do Complexo Hospitalar de Niterói, por exemplo, alia modernidade e tecnologia a um ambiente suave e decorado de forma lúdica. A unidade conta com 24 leitos para atendimento do recém-nascido e tem suporte para exames diagnósticos laboratoriais e de imagem, além de dispor de profissionais de diversas áreas de atuação.
Na Maternidade Brasília, referência da Dasa no Distrito Federal, são 34 leitos para os bebês. Além de uma estrutura completa, a instituição oferece também o atendimento de uma equipe multidisciplinar altamente especializada. “São farmacêuticos clínicos, nutricionistas clínicos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e psicóloga que fazem parte da nossa equipe. Além de um banco de leite para alimentação dos bebês prematuros”, explica o dr. Matheus Beleza, diretor médico da Maternidade Brasília. “Assim, com a certeza de que, mesmo diante de situações de risco, temos total condições de garantir uma assistência de qualidade ao bebê, assim como suporte à família.”
É possível prevenir a prematuridade?
A prevenção da prematuridade se inicia antes mesmo da gestação. O diagnóstico tardio da gravidez ou o tratamento inadequado de doenças que tragam prejuízos à saúde da mãe ou do feto, como diabetes gestacional e pré-eclâmpsia, e o tabagismo podem ser considerados como risco para um nascimento antecipado. O acompanhamento pré-natal é importante para assegurar o bom desenvolvimento da gestação e um parto saudável.2
“Durante as consultas, o obstetra verifica as condições de saúde da mãe e do bebê para observar se ele está ganhando peso adequadamente e detectar possíveis alterações anatômicas, metabólicas ou genéticas”, explica o dr. Beleza.
Outra importante questão é que o parto prematuro, dependendo do momento em que ocorre, pode ser uma situação de risco também para a gestante.2 “Contamos com leitos de UTI materna também, para atender ocorrências em que a mãe precisa de monitoramento mais intensivo após o parto, como no caso das síndromes hemorrágicas e hipertensivas. O diferencial é que, se a mãe não estiver sedada, o bebê pode ficar na mesma acomodação que ela, para garantir o contato entre eles.”
Referências:
Governo Federal. Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais – ArpenBrasil. Portal da Transparência. Registro Civil. Disponível em: https://transparencia.registrocivil.org.br/registros. Acesso em: 10 out 2022.
Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual em Saúde. 17/11 – Dia Mundial da Prematuridade: Separação Zero: Aja agora! Mantenha Pais e Bebês prematuros juntos. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/17-11-dia-mundial-da-prematuridade-separacao-zero-aja-agora-mantenha-pais-e-bebes-prematuros-juntos/. Acesso em: 10 out 2022.
3. Ministério da Saúde. Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/folheto_informativo_uti.pdf. Acesso em: 10 out 2022.