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Rachel Maia: “Quando mulheres não têm oportunidades, a sociedade sofre”

Presidente do conselho do Pacto Global da ONU no Brasil fala sobre a busca pela equidade de gênero e raça no mercado de trabalho

Por Naiara Taborda, direto de Nova York*
Atualizado em 20 mar 2024, 14h08 - Publicado em 20 mar 2024, 13h49
Rachel Maia durante side event do Pacto Global da ONU - Rede Brasil
Rachel Maia durante side event do Pacto Global da ONU - Rede Brasil. (Divulgação/Divulgação)
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Ao longo de sua jornada, Rachel Maia esteve muitas vezes em lugar de pioneirismo: foi a primeira CEO negra do Brasil, a primeira a ocupar o cargo mais alto em diversas das empresas pelas quais passou e também a primeira mulher negra a assumir a presidência do conselho do Pacto Global da ONU no Brasil – mas não é este currículo de “primeiros” que a move: é não ser a última, e criar oportunidades para que essa realidade se torne comum e que muitas outras mulheres cheguem lá. 

“Não podemos ignorar a necessidade urgente de garantir que mais da metade do nosso planeta tenha seu direito plenamente reconhecido e respeitado. Quando mulheres são privadas de oportunidades iguais, quando são submetidas à discriminação e violência, baseado apenas no gênero ou no gênero e na cor de sua pele, toda a sociedade sofre as consequências”, conta, em entrevista realizada no side event do Pacto Global da ONU – Rede Brasil, durante o CSW68, na sede da Organização em Nova York, onde estive presente a convite do Youtube. 

E os dados confirmam: segundo o Banco Mundial, a produtividade de um país pode subir em até 25% apenas com a eliminação das desigualdades de gênero no mercado de trabalho. “Não é apenas uma questão de justiça, mas também é fundamental para o progresso e o bem-estar da humanidade”, completa. 

O convite para integrar o conselho do Pacto Global, e posteriormente sua presidência, não foi o primeiro contato de Rachel com a iniciativa – ela é quase intrínseca ao seu ser.

Eu já era uma militante do Pacto antes de fazer parte dele, porque os objetivos de desenvolvimento sustentável sempre fizeram parte do que eu acredito que se faz necessário para a transformação. Eu fazia parte deste processo de tentar disseminar estes objetivos da Agenda 2030 de desenvolvimento sustentável dentro das empresas por onde eu passava, onde eu prestava consultoria. Sempre fui comprometida com esta causa”, conta. 

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Envolver as corporações nesta conversa é essencial, afinal, são elas que têm o poder de transformar os números dando oportunidades e condições igualitárias. 

“Você tem que fazer o processo transformatório, ele é propositivo, e a responsabilidade precisa ser assumida pelas empresas. Elas querem ser signatárias, mas isso vem com grandes responsabilidades. A sua empresa está preparada para aderir a estes modus operandis? Será que na sua empresa a equidade de gênero está sendo ofertada? Ela está levando questões de raça como prioridade? Tem que ler a cartilha e, mais do que isso, colocá-la em prática.”

Pacto Global e a disparidade de gênero e raça

Não é coincidência que Rachel tenha sido a primeira mulher negra CEO no Brasil. Quando pensamos em equidade de gênero no mercado de trabalho, é necessário fazer o recorte racial: De acordo com o DIEESE, no segundo trimestre de 2022 uma mulher negra recebeu em média 46,3% menos que um homem branco. Quando o assunto é posições de liderança, elas ocupam apenas 2,1% das funções, enquanto, entre as brancas, este índice chega a 4,7%.

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“O Pacto conta com três movimentos principais, que têm sido trabalhados de forma exaustiva, para reduzir esta disparidade: o ‘Elas Lideram’, o ‘Raça é Prioridade’ e o ‘Mente em Foco’, que estão intrinsecamente ligados à gênero e raça”, explica Rachel. 

Entre seus pilares de atuação estão o engajamento da alta liderança das empresas, a construção de jornadas de conhecimento e o compartilhamento de boas práticas e resultados de impacto. 

“Temos que continuar falando de gênero e raça, trazendo dados, porque através do Pacto temos a possibilidade de atingir de forma muito impactante os objetivos. Nós vamos ser repetitivos, sim, porque se não repetirmos, não teremos mudança. Não dá para falar de nós se não estivermos presentes na conversa. Transformar, levar mais mulheres para as mesas de discussão e de decisão é absolutamente necessário”, finaliza. 

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* A jornalista viajou a convite do Youtube

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