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Luana Maluf e Alê Xavier: o poder de lutar pelo futebol feminino

Criadoras do canal Passa a Bola, elas levam a modalidade para mais pessoas e provocam mudanças importantes no esporte

Por Lorraine Moreira
Atualizado em 27 jul 2023, 16h12 - Publicado em 27 jul 2023, 11h10
Alê Xavier e Luana Maluf
 (@alexavier/@luanamaluf/Instagram)
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A coragem é, sem dúvidas, um adjetivo marcante na trajetória de Alê Xavier e Luana Maluf. Num toque potente, elas marcaram um gol valioso para as próximas gerações de mulheres: a criação de um canal de futebol focado no público feminino, o Passa a Bola, em 2021, que coleciona mais de 147 mil inscritos no Youtube e pelo menos 136 mil seguidores no Instagram.

Nada disso, porém, é exatamente fácil. “É muito difícil ser mulher, falar sobre futebol e ser aceita”, conta Alê. Historicamente o esporte é associado à figura masculina, com ideias machistas que promovem a exclusão e o silenciamento das mulheres nesse meio. A propósito, em 1941 foi promulgada uma lei que proibia a “prática de esportes incompatíveis com a natureza feminina”, entre eles o futebol. Embora tenha sido revogada em 1979, ainda hoje há quem acredite que as qualidades requeridas para ser futebolista ou comentar futebol são exclusivas dos homens.

Por mais que a sociedade tenha criado empecilhos, ela não foi capaz de separar Alê e Luana do amor pelo esporte. A primeira tentou ser jogadora profissional, fez jornalismo, trabalhou nos bastidores do Globo Esporte e entrou para o Desimpedidos. A segunda herdou do pai a paixão pelo futebol, escreveu para o ESPN FC, teve canal no YouTube, o ‘1×0 Feminino’, e um coletivo de futebol para mulheres chamado Passa a Bola.

A propósito, a história do canal começa por este último projeto: Luana saiu da faculdade e decidiu marcar jogos todas as quintas com suas amigas em São Paulo, e as seguidoras logo pediram para participar. A comunicadora acreditou na ideia e, assim, semanalmente reunia 300 meninas para atuar no Passa a Bola.

“Eu era do Desimpedidos, mas não me enxergava mais ali. A audiência era muito machista e não aceitava mulheres e futebol feminino nos conteúdos. Conversando com a Luana e com a NWB, criamos a marca Passa a Bola”, conta Alê. O desejo era falar sobre futebol pelo olhar das mulheres. “Agora estamos criando uma nova audiência, pois não existia uma referência como a nossa antes”, acrescenta. Com tanta novidade, não havia outra saída: elas se tornaram o maior canal sobre futebol produzido por mulheres do Brasil, conquistando em junho mais de 20 milhões de views, um crescimento de 1000% em relação ao mês anterior. 

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Apresentadoras do canal Passa a Bola
Apresentadoras do Passa a Bola, Alê Xavier e Luana Maluf, acreditam no poder do futebol feminino. (@passaabola/Instagram)

Estamos criando uma nova comunidade, principalmente com mulheres que querem ver outras mulheres falando de futebol com seriedade, informação, leveza e descontração.” Os problemas, entretanto, não sumiram: “No Brasil, que é o país do futebol exclusivamente masculino, ainda existem barreiras culturais”, diz a comunicadora. “Nosso desafio é disseminar a modalidade feminina como um futebol de qualidade, com performance, entretenimento, paixão e informação, assim como acontece no masculino”, completa.

Foi com essa motivação que elas transmitiram os jogos do Paulistão Feminino pela primeira vez em 2022, e este ano criaram um projeto de retransmissão em parceria com a Centauro. “A visibilidade é muito importante, pois quanto mais pessoas assistindo, mais gente consome produtos. Isso faz com que haja mais investimentos e melhores oportunidades para o futebol feminino de maneira geral”, explica a lógica por trás.

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“Aproximando da Copa do Mundo Feminina, passamos a ser convidadas para falar sobre o tema em eventos, palestras, debates e entrevistas. Achamos interessante, mas esperamos que estendam para o ano todo e não apenas agora no pré-Copa. Isso acontece também com o investimento das marcas, o que não é legal, porque ajuda a disseminar a modalidade só em um curto período. É importante que elas olhem a longo prazo para o futebol feminino. A mudança não vai acontecer só antes ou depois da Copa. Queremos que a modalidade seja sustentável de uma maneira geral daqui para frente”, conclui Alê.

Com tantas dificuldades e questões a serem resolvidas, elas permanecem com o foco de mostrar para as meninas que é possível entrar em campo ou comentar sobre o que acontece dentro dele. “Jornalista, torcedora, jogadora, comentarista ou árbitra, o futebol também é nosso.”

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