8 maiores desafios da família do século 21
Especialistas ajudam a lidar positivamente com as dificuldades mais comuns com filhos, marido e parentes
A nova família terá que aceitar que nem todos os conflitos serão resolvidos e conviver com as diferenças – Mirian Goldenberg, professora e escritora
Foto: Getty Images
A formatação da família dos últimos tempos mudou significativamente e, junto com as transformações, também aumentaram os desafios para manter uma boa relação entre os familiares. Sem falar nos obstáculos que a vida contemporânea trouxe ao cenário doméstico – longas jornadas de trabalho, por exemplo. Aprenda a seguir quais as soluções de vários especialistas para você ter harmonia e felicidade em sua casa.
Tolerar as diferenças
Para Mirian Goldenberg, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e escritora, o retrato familiar que se desenha hoje se baseia na qualidade das relações. ”Há mais investimento em afeto, tempo e atenção. A divisão doméstica de tarefas decorre de uma negociação permanente”, define. Justamente por isso, o que manterá essa nova família unida é o empenho de todos os envolvidos. ”Será preciso respeitar a individualidade de cada um e estimular o diálogo e a reciprocidade. Significa aceitar que nem todos os conflitos serão resolvidos e que temos que aprender a conviver com as diferenças”, afirma Mirian.
Superar o fim do amor
Preservar o casamento e por tabela a união familiar não é fácil. Para o filósofo francês Luc Ferry, autor de Famílias, Amo Vocês (Ed. Objetiva), a causa dessa dificuldade está justamente no amor e no que ele chama de seus ”efeitos perversos”. ”Vivemos, pelo menos nas sociedades democráticas, em famílias fundadas sobre o princípio do casamento por amor – não mais do casamento pela razão. Isso é um progresso, mas todo progresso tem seu preço: se baseamos o casamento, e com ele a união familiar, no afeto, como evitar o divórcio e a desunião quando os sentimentos se transformam em indiferença ou ódio? É esse o problema da família moderna em oposição aos tempos antigos, quando o casamento não estava ligado ao amor e as pessoas não se divorciavam”, acredita Ferry. A saída que ele enxerga é muita ponderação antes de tomar decisões. ”É preciso que tenhamos sabedoria para escolher se permanecemos com os nossos ou recomeçamos a aventura de um novo amor. Seja qual for a decisão, ela não traz de volta o amor original. Uma vez que a gente consiga de fato assumir a opção feita, então todos nós ganhamos muito – mas nem sempre é fácil”, admite.
Ensinar o respeito
Na maioria das famílias, a palavra solidariedade está abandonada. ”Vivemos numa sociedade individualista. Cada um só pensa no seu prazer, no seu interesse e na sua liberdade”, constata a pedagoga e mestre em educação Tânia Zagury, autora de diversos livros. A solução, segundo ela, não é simples e exige uma nova postura por parte da família. ”É preciso educar o filho para pensar no outro também. Mas para repensar valores é necessária a convivência: fazer uma refeição em família, assistir televisão juntos ou sentar para bater um papo para ver que conceitos a criança está adquirindo. Se os pais não criam um espaço de diálogo, amanhã não saberão nada do filho”, assegura ela.
Combater a violência
A senadora Patrícia Saboya (PDT-CE), coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, considera um desafio educar num mundo tão violento como este. ”Vejo um grande avanço tecnológico acompanhado de um retrocesso nas relações pessoais. A violência está voltando à idade da pedra. Não basta matar: tortura-se.” Para ela, o combate à violência começa em casa, com um diálogo franco entre pais e filhos – e muito limite. Dar limites é fundamental. A juventude está meio solta, ficando cada vez mais agressiva e cada vez mais cedo.” Obviamente, também existe uma grande lacuna a ser preenchida pelo poder público: ”A violência existe porque existem tráfico, pobreza, exploração do trabalho infantil e, sobretudo, desigualdade. A escola pública não oferece perspectiva de futuro”. Patrícia acredita que a solução está na democratização da educação de qualidade, no acesso à cultura, à informática e ao lazer. ”Se todos tiverem acesso a oportunidades, ou seja, a tudo que é capaz de transformar a vida de uma pessoa, viveremos num mundo menos violento.”
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