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Absorventes biodegradáveis e coletores menstruais: como reduzir o impacto ambiental

Absorvente interno biodegradável, calcinha absorvente ou coletor. Você escolhe a melhor opção para o seu ciclo menstrual

Por Nathalie Páiva
Atualizado em 22 abr 2024, 14h44 - Publicado em 17 ago 2021, 17h11
Alternativas não agridem o corpo da mulher e nem o meio-ambiente
Alternativas que não agridem o corpo da mulher e nem o meio ambiente ((Foto: Anna Efetova)/Getty Images)
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Sempre que chega o dia da sua menstruação você já começa a sofrer com incômodos na pele e resíduos dos vários absorventes convencionais usados no período? O cenário realmente não é dos mais agradáveis, seja pelas alergias ou pela preocupação com o meio ambiente.

Mas, com algumas mudanças na hora de escolher o produto para te acompanhar no ciclo menstrual, essa realidade pode ser ressignficada. 

De opções de marcas mais veteranas, como a Ecoabs, às mais recentes, como a Pantys e Yuper, as soluções biodegradáveis e reutilizáveis vêm ganhando cada vez mais espaços no nécessaire de pessoas que menstruam.

Para entender as funcionalidades e composições dessas alternativas, empreendedoras, consumidoras e uma especialista dividem suas experiências, preocupações e dicas sobre absorvente interno, calcinha absorvente e coletor menstrual.

Destruindo tabus

“Menstruação ainda é um grande tabu e, com certeza, existe uma faixa etária de mulheres que foram expostas a esses preconceitos com o ciclo menstrual”, explica Ana Paula Silva, uma das idealizadoras da Ecoabs.

A empreendedora lembra que um dos mitos ligados à menstruação é o odor ruim. “Na verdade, isso só acontece pela composição plástica que o absorvente descartável possui. Em outras opções sustentáveis, é possível notar que o sangue lembra o cheiro de ferro”, explica Ana Paula Silva, uma das idealizadoras da Ecoabs.

Ana diz que há três justificativas para abandonar as opções não sustentáveis. A primeira seria pela saúde, uma vez que o produto sustentável não possui componentes tóxicos.

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O segundo ponto é o impacto ambiental. “Da puberdade até a menopausa, a mulher possui 450 ciclos, que são equivalentes a 10 mil absorventes descartáveis, 200 quilos de lixo, que demoram 400 anos para se decompor”, revela Ana. Por fim, o terceiro ponto é a economia que a pessoa que menstrua tem com essas alternativas.

Ecoabs


A Ecoabs, uma iniciativa da Morada da Floresta, empresa social que desde 2009 oferece soluções para diminuição de resíduos no meio ambiente, produzia absorventes de pano e importava coletores menstruais do Reino Unido. “
Naquela época era muito diferente falar do tema, pois os tabus sobre a menstruação eram ainda mais fortes e presentes na sociedade”, lembra Ana. 

A Ecoabs surgiu após uma parceria entre Bela Gil e Morada da Floresta para a criação dos ecoabsorventes. Os absorventes de pano e calcinhas são de algodão e duram em média mais de 5 anos. As duas opções são feitas à mão por costureiras. Já o coletor menstrual é composto por silicone medicinal e dura em média três anos. 

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O coletor menstrual custa 85 reais, a calcinha absorvente 95 reais e o absorvente de pano 36 reais.

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As clientes ainda podem encontrar um Diário Lunar, que ajuda adolescentes a conhecer seus ciclos. O produto está sendo vendido por 80 reais. Para comprar, clique aqui.

Pantys

Emily Ewell, sócia-fundadora da Pantys, começou a criar calcinhas absorventes há quatro anos atrás, para o Brasil, após trabalhar para um investidor de e-commerce em Boston. 

Depois de bastante crescimento e adaptação no mercado, ela criou o Safe, pioneiro no ramo dos absorventes internos biodegradáveis. A solução, que não agride a natureza se decompondo em seis meses, é livre de plásticos, químicas e toxinas prejudiciais ao corpo.

“Pensamos em trazer mais opções sustentáveis para as mulheres, com intuito de fazer com que elas se sintam empoderadas. Imaginamos também algo inovador para o mercado. O processo de estudos e criação levou 18 meses, porque demandou muitos testes, com os mais variados tamanhos de absorventes internos. Planejamos tudo com carinho para as nossas consumidoras”, conta Emily. 

Hoje a empreendedora não vende somente para o Brasil, mas para todo mundo e ajuda mulheres com doações. A cada post no Instagram de uma cliente contando sua experiência com os produtos da marca, um projeto parceiro ou Organização Não Governamental (ONG) ganha uma calcinha absorvente.

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Mas, para isso acontecer, a usuária precisa postar foto do produto, marcar a @pantys e, se tiver perfil privado, mandar print da publicação no direct da empresa. Depois de um mês, a cliente saberá para qual instituição o produto foi doado. 

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As calcinhas absorventes de fluxo intenso são vendidas a 99 reais. Elas são feitas de tecidos externos biodegradáveis e sua duração vai de acordo com o cuidado da usuária. Já os absorventes internos biodegradáveis, na embalagem com 8 tubinhos, são vendidos por 16 reais. (Clique aqui para comprar).

Yuper

Recém-nascida, em 14 de junho de 2021, a Yuper vem com a missão de trazer liberdade de escolha para mulher e qualidade de vida. Os coletores menstruais são aprovados pela Anvisa e duram em média três anos. Eles devem ser trocados a cada 12 horas. 

A CEO da Yuper, Elisa Spader, diz que o produto é o primeiro a produzir lixo zero. ”Nosso coletor é o primeiro 100% reciclável do Brasil. Após a validade final do produto, a cliente pode esterilizar e descartar em um posto de coleta ou enviar de volta para nós, assim, reciclamos da maneira correta e ela recebe um desconto na próxima compra”, explica a idealizadora.

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Antes de comprar o coletor, é necessário se atentar ao tamanho que você vai precisar usar. O modelo S é para jovens de até 18 anos, M de 19 a 29 anos e L a partir dos 30 anos ou pessoas que já engravidaram. 

A alternativa é feita de TPE, material de uso médico que não tem cheiro, é hipoalergênico e atóxico. As clientes podem encontrar o produto por 70 reais a unidade. (Compre aqui).

Opinião de usuárias

Ana Cysne, 33 anos, é fisioterapeuta pélvica e experimentou o coletor da Yuper. “A absorção é ótima, o sangue fica coletado dentro do copinho, então não tem chances de vazamento como o absorvente descartável, que por muitas vezes escapa”, conta. 

Quem também aprovou o produto da marca foi a influenciadora Priscila Brenner, de 26 anos. “Com os absorventes convencionais, eu fazia em média de seis a sete trocas por dia. O coletor menstrual troco basicamente só na hora de dormir e acordar. Fico completamente tranquila durante o dia e noite e sem medo de vazamentos ou me preocupando em ter que ficar carregando vários absorventes na bolsa para todo lugar”, garante.

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A terapeuta integrativa da saúde feminina, Barbara Bolzani, 37,  contou um pouco da sua experiência com o absorvente de pano, calcinha e coletor da Ecoabs. “Não só recomendo, como incentivo todas mulheres que conheço a substituírem, pois muda a relação global da mulher com seu sangue e natureza feminina”, afirma. 

Outra que se apaixonou pelas alternativas da Ecoabs foi a cantora, Carla Sinisgali, de 42 anos. “Uso há 10 anos as alternativas sustentáveis, assim que experimentei me senti totalmente livre, foi uma alegria imensa por não estar poluindo o planeta desta maneira. Quanto a vazamentos é muito raro ter”, diz.

Foi libertador para Mariana Marcotti, estudante e jogadora de futebol pela faculdade, experimentar o absorvente interno biodegradável da Pantys. “Eu achei que é muito mais confortável que o comum. Antes eu trocava a cada duas horas de absorvente, mas, com a alternativa sustentável, uso até três por dia. O que ajuda muito na minha rotina e na prática de esportes”, salienta.

A fotógrafa Julia Pavin, 27, testou as calcinhas da Pantys e aderiu para vida. ”Uso a mais de um ano as calcinhas e nunca vazou. É infinitamente mais confortável que um absorvente normal”, comenta.

Opinião médica

A médica ginecologista Marcella Maia diz que a escolha do absorvente ideal deve partir da pessoa que menstrua. “Menstruar nem sempre é uma situação agradável, por isso a escolha do absorvente deve ser individualizada, levando em conta o conforto, a segurança e a praticidade para cada mulher”, explica.

A especialista ainda lembra que é importante pesquisar bem as opções antes de aderir. “As esponjas naturais, ainda pouco faladas no Brasil, devem ser desinfetadas, lavadas e secadas pelo fabricante antes de serem vendidas. Portanto, saber a procedência do produto é importante para evitar a existência de microorganismos prejudiciais. Podem levar a processos alérgicos por se tratarem de material biológico”, ressalta. 

Atenção com a higiene também deve ser mantida com alternativas sustentáveis. ”A higiene íntima deve ser feita com sabonete neutro, próprio para região. Os absorventes reutilizáveis, como os coletores menstruais, devem ser retirados, lavados e reinseridos. Após o término do ciclo menstrual, recomenda-se que seja fervido em recipiente apropriado”, orienta e continua.

“Os absorventes e calcinhas reutilizáveis, após usados, podem ser enxaguados e reutilizados depois da secagem”, orienta a profissional. Agora, é só testar e ver qual opção se adapta melhor à sua rotina e ao seu corpo.

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