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Afinal, o que Freud e a psicanálise têm a ver com as mulheres?

Há exatos 160 anos, nascia o mais famoso psiquiatra da história!

Por Priscila Doneda
Atualizado em 21 jan 2020, 10h34 - Publicado em 6 Maio 2016, 01h30
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  • Em 6 de maio de 1856, na região que hoje encontramos a República Tcheca, nascia Sigismund Schlomo Freud, que ficou conhecido como Sigmund Freud, o pai da psicanálise. O que pouca gente sabe é que o campo clínico e de investigação teórica da psique humana, criado por ele, tem muita relação com a história das mulheres. 

    “Freud foi o primeiro psiquiatra a se interessar pelas histórias de vida das mulheres histéricas, que eram frutos da repressão da rígida moral da era vitoriana. Ele não as tratrava apenas com a medicina tradicional, ou enxergava seus sintomas como fingimento, atitudes comuns no século XIX”, conta Miriam Tawil, membro associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.

    “Nos sintomas dessas mulheres, Freud viu angústias, amores e ódios que não tinham vazão e, então, passou a dar voz a esses sofrimentos. Primeiro, com a hipnose e, depois, com o método da associação livre”, explica a especialista. Alguns historiadores, inclusive, localizam o surgimento da psicanálise no famoso encontro entre Freud e Anna O., que teria sido a primeira paciente a recusar a hipnose e a propor a ‘cura pela palavra’. 

    Com base nessa experiência, Freud descobriu e conceituou o inconsciente como um lugar em que se abrigavam as fantasias reprimidas e as vivências censuradas. Assim, ele fundamentou toda a teoria psicanalítica. “O teor dessas fantasias era sempre de cunho sexual, em seu sentido mais basal, e de preenchimento de ‘vazios’, em todas suas acepções. A partir dessa constatação, Freud percebeu que, desde muito cedo, ainda na infância, a sexualidade já existia e promovia consequências, como o desenvolvimento da libido e a forma de se relacionar afetivamente”, pontua a psicanalista.

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    Hulton Archive/Getty Images
    Hulton Archive/Getty Images ()

    Freud era machista?

    É importante ressaltar que, apesar de seu interesse pelo inconsciente feminino, Freud via o gênero como inferior ao masculino – visão amplamente aceita e comum na época em que viveu. “Por isso, por mais que seus estudos tenham fundamentado a revolução sexual que libertou tanto os homens quanto as mulheres da intensa repressão vivida até então, Freud foi também bastante criticado por feministas em tempos mais recentes”, relembra Miriam.

    Além disso, sua teoria falocêntrica da castração (segundo a qual a maior ferida narcísica da mulher seria a inveja do pênis do homem) foi depois revisitada por analistas mulheres, como Karen Horney, Sabina Spilreim, Marie Bonaparte e Melanie Klein, entre outras. “A ideia foi ressignificada, de forma que a mulher, na visão psicanalítica, passou a ser mais do que mero ser invejoso e desejante e passou a ter um papel de criatividade e contundência”, finaliza.

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