“A maternidade faz a mulher pirar. Eu me policio para não ficar paranoica, exagerar na proteção ou tentar controlar até acidentes que possam ocorrer com meu filho.” A confissão é da atriz Alinne Moraes, 33 anos, mas pode ser assinada por milhares de mães – sim, temos várias características em comum, mas outras que nos diferenciam. Agora que Pedro está com 2 anos, ela fecha a fase das primeiras descobertas de quem gera outra vida. “Tornar-se mãe não desperta só o lado bom das pessoas. Não podia imaginar que eu fosse tão rígida.” Ao analisar-se, achou um caminho que segura sua onda, fundamental para a formação de um filho saudável e indispensável para seu casamento: “Não colocar todo o afeto em um só lugar, uma só pessoa. Foi isso que fiz”. Ela percebeu que muitas se perdem por anular o entorno, interditar o parceiro e mirar exclusivamente a cria. Alinne, então, viu que há inúmeras formas de amar. “O que sinto por Pedro é uma coisa e pelo meu marido outra”, explica. Entender que os dois sentimentos são igualmente fortes e importantes foi um divisor de águas. Assim, é um tanto mãe, um tanto mulher.
Toda sexta-feira tem romance. Ela e o diretor Mauro Lima, 47 anos, com quem vive há quatro, se dão uma trégua na função de pais. “Saímos para jantar, dançar e dormir fora. Voltamos para casa só no dia seguinte.” Alinne está falando de sedução, envolvimento e sexo, ingredientes fundamentais na relação do casal. É tudo isso que torna o projeto vivido com Mauro completo, incluindo um ninho gostoso onde cozinham e cuidam de dois cães e três gatos. Nessa cumplicidade, não disputam a primazia sobre Pedro: “Mauro dá o banho – desde o primeiro –, divide todas as tarefas e responsabilidades”, conta. Tem sido tão prazeroso que eles esticam a aura parceira para o trabalho. Em breve farão um filme sobre o maestro João Carlos Martins, repetindo a relação diretor/atriz que estabeleceram na cinebiografia Tim Maia, que depois virou série de TV.
É Mauro quem faz o contraponto quando Alinne recai no perfil de megamãe. “Se Pedro implora para comer alguma coisa antes do almoço, é o pai quem libera”, diz. Já está mais segura e talvez no segundo bebê não leve o berço de camping para os estúdios da Globo, como fez ao gravar a novela Além do Tempo, que terminou em janeiro passado. Aliás, ao se separar de Pedro para as cenas feitas no Rio Grande do Sul, enfrentou uma crise renal e teve que voltar para o Rio de Janeiro no dia seguinte à sua chegada. “Ele tinha 1 ano e meio, foi a primeira vez que nos desgrudamos. O emocional causou o problema”, afirma. Resolveu isso usando um aplicativo que mostra imagens das câmeras no quarto do filho. Ela confere, se tranquiliza, segue em frente.
Alinne poderia gastar horas enumerando as novidades que aprendeu. Fica em apenas mais uma: a experiência de decifrar o universo masculino. Filha única, criada pela mãe e avó, sem avô ou primos por perto, só conheceu o pai aos 21 anos. Não seria com ele que enxergaria a porção masculina que coexiste com a feminina na alma da mulher. “Ao ver meu pai pela primeira vez, constatei que não havia nada a ser preenchido porque não tínhamos afinidade, carinho, coisa alguma. Também não houve mágoa ou rancor”, diz. Passou. Na sua nova família, as coisas puderam se juntar dentro dela reafirmando sua identidade. Alinne se encanta ao observar o filho brincando com o marido, as reações peculiares que eles têm em comum, o jeito de equacionar pequenos entraves. “Vejo os dois juntos e me emociono.” Com eles, atinge a complementaridade perfeita.