Coluna da Cynthia de Almeida: “Como falo o que penso nas reuniões?”
Nossa colunista de carreira, Cynthia de Almeida, dá conselhos para a leitora que é a única mulher do time e ouviu da chefia que precisa falar mais nas reuniões
Minha chefe me aconselhou a falar mais durante as reuniões. Sou a única mulher do time e meus colegas não dão muito espaço para eu expressar minhas opiniões.
Sua chefe tem razão. Mulheres em minoria em um ambiente de trabalho costumam se retrair e ouvir mais do que falar. O fato é que ninguém “dá espaço” para ninguém, a gente vai lá e ocupa. Nesse jogo sutil de tomar e ceder a palavra, mulheres tendem a ser mais autocríticas a respeito de suas intervenções e muitas vezes acabam ouvindo o colega ao lado falando – e sendo elogiado por isso – exatamente aquilo que iam dizer, mas acharam que “não era importante”. Isso não quer dizer que para se fazer ouvir em uma mesa a gente deva soltar a primeira bobagem que vem à cabeça. O bom senso, e não a timidez, é sempre o melhor conselheiro. Mas fale sem medo e, principalmente, não se deixe interromper antes de concluir o raciocínio. Um estudo recente comprovou que as mulheres dão pausas maiores entre as frases e que os homens se valem delas para “roubar a vez”. Seja firme: diga que ainda não terminou e prossiga. Outra dica: na hora de fazer a sua intervenção, evite usar a expressão “só para”. Esse aposto tende a minimizar o que quer que venha depois e soa como um pedido de desculpas pela pouca relevância da afirmação a seguir. Substitua o “só para”, por “ Eu gostaria de acrescentar”ou com um educado “com licença, eu acredito que…”. Se mesmo assim for difícil cavar seu espaço entre a maioria masculina, use o mesmo truque deles: aproveite os (breves) intervalos em que eles têm que fazer uma pausa para respirar.