Fat Talk: entenda o que é e como evitar
A nutricionista Marina Nogueira explica as consequências negativas do uso do termo
Fat Talk é o termo em inglês que define frases pejorativas e diálogos negativos em relação ao corpo, peso ou aparência de alguém. Esses comentários podem ser realizados por terceiros ou por você mesma. “Preciso muito perder peso”, “Você é tão bonita de rosto, é só emagrecer” ou até “Não come isso, vai engordar”, são frases comuns categorizadas como Fat Talk. Isso está ligado diretamente a gordofobia, enraizada na sociedade.
Esses diálogos com família e amigos ou até consigo mesma até parecem inofensivos, mas podem ter um impacto negativo em quem escuta. A partir disso, a pessoa pode começar a fazer dietas restritivas e exercícios exagerados sem supervisão, em busca do corpo ideal.
“Todas as frases que atribuem alguma coisa ruim e pejorativa à imagem da pessoa, em relação ao peso, o formato corporal e também englobando a alimentação e hábitos alimentares dela, pode ser considerado Fat Talk”, explica a nutricionista Marina Nogueira.
As consequências do Fat Talk
Maria aponta que “quando a pessoa fala para ela mesma, não é tão afetada pela frase, porque possivelmente ela está falando porque ela já está machucada de alguma forma”. A situação é diferente para quem escuta esses comentários: “A pessoa começa a entender que ser gorda é ruim, isso fica estigmatizado. E ela começa a se questionar, às vezes, até mesmo por escolhas razoáveis que ela fez sobre seus hábitos alimentares.”
A influência negativa é ainda pior para crianças e adolescentes, já que ainda estão na fase de formação de sua própria imagem corporal. “Elas começam a questionar a própria imagem e traçar o modelo de corpo que deveriam ter, com base no que estão ouvindo. Isso acaba conduzindo a escolhas alimentares baseadas em mitos e modismos, como dietas restritivas. Então você tira muito a autonomia alimentar da pessoa, porque ela entende que deve comer igual aos outros, seguindo uma suposta norma”, explica Marina.
Como evitar o Fat Talk
A nutricionista dá algumas dicas de como evitar e lidar com essas frases de forma prática. Para aqueles que costumam falar e iniciar esses diálogos, ela sugere repensar e refletir sobre sua própria relação com o corpo e a comida. “É importante lembrar que o que é bom pra você não é bom pro outro. Porque, às vezes, pra você é importante ser magra, mas talvez pra outra pessoa não seja.”
Esses comportamentos ficam em maior evidência nas festas de fim de ano, principalmente nas ceias de Natal e Ano Novo. Muitas vezes essas falas vêm fantasiadas de preocupação com a saúde da pessoa. Marina sugere trocar as frases negativas por perguntas como: “Como está a vida? E sua saúde mental? ou “Como está sua família?”. Ela aponta ainda que é essencial aplicar a empatia no dia a dia para não perpetuar ações negativas.
Já para quem escuta, ela oferece algumas dicas para lidar com isso. “O primeiro é lembrar que muita gente não faz comentários com o intuito de ofender e sim porque vivemos numa sociedade extremamente gordofóbica e as pessoas estão mal com elas mesmas“, aponta. “Às vezes, a pessoa que está falando tá sofrendo tanto quanto quem está recebendo”, complementa.
A segunda dica é já ir preparada para a ceia, sabendo que esse tipo de conversa pode rolar. Marina indica que a pessoa tem dois caminhos, o primeiro seria discutir sobre o tema, pedir respeito e explicar porque é negativo. A outra alternativa é ignorar os comentários e talvez explicar que não quer falar sobre o assunto.
“Acho que a pessoa tem que fazer o que ela se sente confortável, porque essa época tem muito mais Fat Talk, mas é algo que acontece durante o ano inteiro”, finaliza a nutricionista.