Aos 12 anos de idade, MC Soffia é a cantora mirim mais politizada do Brasil no momento. Desde o ano passado, a menina vem chamando a atenção, com suas rimas focadas no empoderamento das meninas negras. Depois de lançar o vídeo de “Menina Pretinha”, em março, ela chega agora com sua nova música de trabalho: “Minha Rapunzel tem Dread”.
“Uma vez, quando fui dar uma palestra, colocaram na minha mesa uma revista de Rapunzel e eu perguntei por que ao invés de uma Rapunzel de trança não poderia ser uma Rapunzel de dread?”, conta a pequena rapper. Assim surgiu a ideia de fazer uma música a respeito, em parceria com a banda Gram, no primeiro trabalho em que a garota mistura rap com rock. “Pedi para os meninos um rock bem pesado e fui fazer a letra em cima, pensando naquela ideia de existir uma Rapunzel de dread, linda e empoderada”.
Olha só o resultado:
Num conto de fadas a Rapunzel joga suas tranças
Na minha história, ela tem dread e é africana
Agora vou contar o meu conto para vocês
Como todas as histórias começa com era uma vez
Era uma vez uma princesa Rastafari
que nasceu no reino de Sabá
Na minha história quem disse que a bruxa é má?
Meninas unidas podem tudo mudar
Aqui inimiga não vai rolar, não vai rolar
Na minha história Rapunzel tem dread
Ela é negra e é Rastafari
Não precisa de um principe pra se salvar
Ela é empoderada e pode o mundo conquistar
No seu cabelo dread tinha força e poder
Sua beleza africana não tinha o que dizer
Essa história eu inventei, porque não vi princesa assim
Só me mostraram uma, ah, isso não dá pra mim
Princesa Etiópia, esse nome eu batizei
País que venceu lutas, tudo que eu pesquisei
Estou muito feliz de ver a história acontecer
Crie uma princesa que pareça com você
Assim como em “Menina Pretinha”, Soffia volta a falar sobre a falta de representatividade negra no universo infantil. Para além da denúncia, dessa vez ela resolveu convocar as meninas negras a criarem suas próprias princesas, numa atitude mais do que empoderada. E o que dizer da parte em que ela diz que sua história não tem bruxa má, porque “aqui inimiga não vai rolar”? Estamos apenas morrendo de amores! Representatividade, empoderamento e sororidade. Continua quebrando tudo, Soffia, tá lindo de ver!