“Eu não acredito em dietas, pelo menos não da forma como a gente as conhece hoje”, diz o nutricionista Antonio Herbert Lancha Jr., professor de nutrição da escola de Educação Física e Esporte da USP, em seu novo livro “O Fim das Dietas”, editado e lançado pela SAÚDE, da Editora Abril.
“Se houvesse um regime milagroso, capaz de emagrecer uma pessoa e preservá-la assim, a obesidade mundial não seguiria avançando nem veríamos novas dietas aparecendo por aí”, afirma. E por que elas não funcionam? Em O Fim das Dietas, Lancha atribui o fracasso dos regimes radicais e restritivos a dois principais fatores: o primeiro é o fato delas oferecerem “milagres divinos”. Isso porque, a maioria de nós quer ser emagrecido – como num passe de mágica. Por isso vamos atrás de dietas malucas, pílulas mágicas e aceitamos, com toda facilidade, tudo aquilo que dizem dar certo.
O problema, segundo Lancha, é que dietas restritivas, principalmente, não são sustentáveis. Para isso, ela precisa ser condizente com seu estilo de vida. “Obrigar um sujeito a negar a lasanha mensal da avó ou banir seu doce favorito torna qualquer dieta inviável no médio e longo prazo”. Ou seja, basta o período de regime acabar para aqueles quilos perdidos voltarem rapidinho.
O segundo fator é que quase todas elas prometem uma perda expressiva e rápida (o que de fato acontece, na maioria das vezes). O problema é que quando o ponteiro da balança cai muito rápido significa que não eliminamos apenas gordura (que deveria ser o foco do emagrecimento), mas também massa magra e líquido. Além disso, elas não oferecem uma solução para longo prazo, pois mudam o cardápio, mas não nossa cabeça.
Mas não desanime: perder peso de forma saudável, sustentável e evitar o efeito sanfona, é possível. Em O Fim das Dietas, Antonio Lancha dá dicas preciosas. Mas não espere uma fórmula mágica, e sim atitudes que, em conjunto, serão decisivas para o alcance de sua meta. Confira, a seguir, algumas delas:
Mude seus hábitos
“Para emagrecer, é essencial alterar a rotina, dando mais espaço para atitudes gastadoras de energia e menos para as acumuladoras”, afirma Lancha. Não precisa sair riscando tudo que está “errado” de uma vez e querer incorporar uma série de novos hábitos. Concentre-se em comportamentos equilibrados que conseguiria incluir no cotidiano. Ao conseguir enxergar os benefícios de cada mudança, o novo hábito fará sentido para você, e será mais fácil incorporá-lo na rotina.
Saiba contornar as armadilhas
E não necessariamente fugir delas. Isso porque, comemorações, happy hours, almoços de trabalho, entre outros, sempre existirão. Então, o melhor que você pode fazer por você mesma é saber desarmá-las. Lancha ensina alguns truques:
Coma com consciência: concentre-se no momento presente e preste atenção naquilo que está ingerindo. “Não é proibido consumir doce no escritório. Porém, se for o caso, coma porque quer e com consciência”, ensina. E nada de sentir culpa, ok? Vida que segue!
Não vá ao supermercado ou ao restaurante self-service com fome. Segundo Antonio Lancha, ela é encarada, no cérebro, como um problema de alta prioridade. Ou seja, por questão de sobrevivência, faz com que você ataque a primeira coisa que vir pela frente.
Não corte nenhum grupo alimentar
Lancha dedica um capítulo inteiro a essa questão, cuja palavra-chave é moderação. Ou seja, você pode comer de tudo, desde que nas quantidades certas. “O carboidrato executa um papel que só ele faz direito, assim como a proteína, a gordura, as vitaminas e os minerais. Na carência de um, os outros tentam tapar o buraco por vias metabólicas secundárias, mas o remendo nunca é perfeito”. Pense em qualidade (não em quantidade), e priorize alimentos que garantam saciedade, como proteínas. Um prato bem feito, com todos esses nutrientes, é determinante para o sucesso de suas escolhas.
Encontre o seu exercício
Não coloque na cabeça que você não gosta de se exercitar. Mesmo que ainda não tenha encontrado algo que ame, há de existir alguma atividade que lhe traga satisfação. Seja dança, esporte coletivo, atividades aquáticas, caminhada… O importante é gastar calorias – no seu tempo. Estipule metas plausíveis e conforme for se acostumando, avance em tempo ou frequência. O importante, no primeiro momento, é aderir ao novo hábito. “Os passos iniciais são os mais desafiadores. Com o tempo, a malhação chega a estimular a fabricação de neurotransmissores como a serotonina, que disparam a sensação de bem-estar”, afirma.
Descubra uma motivação
Lancha explica que essa é a melhor saída para conseguir manter o foco. Tente encontrar a sua: entrar naquele vestido lindo que está guardado no armário, ter mais saúde para brincar com os filhos, concluir uma corrida de rua. Se você encontrar algo que a mantém engajada, é porque descobriu sua motivação. Aproveite!
Antonio Herbert Lancha Jr. é mestre e doutor pela USP, pós-graduado pela Universidade Washington, nos Estados Unidos e wellness coach pelo Colégio Americano da Medicina do Esporte.