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“Nossa música é nossa alma em decibéis”, diz o grupo Volupz

O padrão exigido pelo mercado torna-se algo equivocado quando elas se juntam para mostrar o que sabem fazer, cantando e dançando, simultaneamente

Por Esmeralda Santos (colaboradora)
Atualizado em 11 ago 2020, 11h49 - Publicado em 10 ago 2020, 16h00
Grupo Volupz
Na sequência: Letz, Rikki e Suzan (Foto: Rafael Beck/Divulgação)
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Estar no palco sempre foi a realidade de Letícia Pedrosa e Suzana Santana. As duas faziam parte do backing vocals do cantor e ator Thiago Abravanel, no Baile do Abrava. Eram mais de três horas cantando e dançando. O sonho sempre foi cantar, mas não como segunda voz, mas sim, como as principais.

“Tivemos um retorno muito positivo e recebemos relatos de pessoas emocionadas ao ver nosso trabalho, porque sofriam de depressão e não aceitavam o próprio corpo”. Assim nasceu o grupo Volupz, que antes era um duo e se tornou um trio com a chegada de Érika Anjos.

O nome do grupo surgiu porque, de forma carinhosa, Letícia chamava mulheres gordas de “voluptuosas”, e rapidamente o apelido foi associado a ela e as amigas. “Durante um bom tempo da minha vida eu tive essa questão de precisar emagrecer, e ser chamada de gordinha era sinônimo de ofensa. Voluptuosa é sensual, e isso está em qualquer um. Apesar do nome carinhoso, algumas pessoas pronunciavam o nome errado, e então optamos por abreviar”.

Letz, Rikki e Suzan já fizeram parte do coral da igreja, o que foi importante para descobrirem cada vez mais o seu talento, mas também ter disciplina e comprometimento com o que iriam fazer futuramente. “Antes, parecia bobeira eu ter que me adaptar a outras pessoas e desenvolver uma educação musical a ponto de compreender o outro, de agir e cantar no sentido do coletivo”, conta Rikki.

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Além dos passos na igreja, a maior parte de sua carreira foi cantando no meio gospel. “A maioria dos músicos que encontramos na estrada em determinado momento foram da igreja também, tem toda a questão da disciplina e trabalhar no coletivo”, explica ela.

Grupo Volupz
Na esquerda, a cantora Rickki. Letz acima e Suzan, na direita (Foto: Rafael Beck/Reprodução)

Inspirações reais e em artistas

Suzan conta que tem muitas inspirações, mas em especial as suas parceiras de trabalho. Fora elas, as histórias que as inspira são as das cantoras Elza Soares e Paula Lima. “Desde pequena fui apaixonada por ela [Paula], acho ela uma pessoa incrível, as escolhas musicais dela me agradam muito. A Elza me inspiro por ser uma mulher forte e ela me mostra que tudo é possível, tudo o que ela viveu de bom ou ruim ela transforma em música”, conta ela.

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Já Rikki, se inspira na cantora Alcione –  assim como a rainha do samba, tudo o que ela faz ou coloca a sua voz é com muita paixão. “Quando saímos dessa questão de sermos coadjuvante e vamos para o front, nosso dever passou a ser seduzir as pessoas musicalmente, pela mensagem. E eu não vejo outra pessoa pra tratar de forma tão apaixonante quando a Alcione”, explica Rikki.

Letz, por sua vez, além das inspirações musicais, tem um laço sanguíneo. “Minha maior inspiração foi o meu pai. Ele não tinha coragem de cantar na frente de ninguém, e eu passei boa parte da minha vida assim, sem ter coragem de cantar na frente das pessoas. Eu acreditava que o que diziam sobre eu cantar bem, era porque tinham pena de mim”, explica ela.

Por ter uma família religiosa, seu contato com a música que não fosse gospel acontecia apenas quando seu pai escutava escondido algumas músicas. “Meu pai faleceu quando eu tinha 16 anos, e então eu comecei a escutar outras músicas, e foi o que começo onde eu pude entender que eu era cantora”, comenta.

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Se Sinta Bem!

O maior desafio do trio é ser reconhecido porque, segundo elas, existe uma pressão estética por estarem fora de um padrão. “Ter conseguido dar o primeiro passo tendo em vista que há poucos artistas pretos e gordos no pop que estão conseguindo levar sua música de verdade, são poucos”, esclarece o grupo.

O padrão exigido pelo mercado torna-se algo equivocado quando elas se juntam para mostrar o que sabem fazer, cantando e dançando, simultaneamente. “Existe musicalidade acima da estética. Nossa música é nossa alma em decibéis, é como a gente se expressa e somos limitados, só podemos ir até aqui, e passar disso precisa estar dentro de um padrão”, explicam. “As pessoas precisam entender que a arte não tem aspecto, ela é livre e eu queria que as pessoas dessa oportunidade para os artistas que tem algo pra dizer”.

 

O primeiro single do grupo intitulado “Se Sinta Bem“, surgiu de depoimentos do público. Inúmeras mulheres que sofriam por não aceitarem seus corpos entravam em contato com elas, dizendo que o trabalho teria as ajudado a se enxergarem com mais carinho. “Queríamos fazer uma música falando sobre o surgimento, o sentimento de se sentir bem fazendo o que a gente gosta independente de qualquer coisa”, dizem.

A intenção da música é mostrar para todas as mulheres que se parecem com elas, que sim, elas podem se sentir belas, poderosas e podem ser e fazer o que quiserem. “O que temos conquistado até agora foi uma alegria e satisfação pessoal por estarmos como front vocal. Sentimos a falta de pessoas como a gente no mercado. A ideia não é ser estético, é ser musical”, conta elas.

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Em tempos de isolamento, não se cobre tanto a ser produtiva:

 

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