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Ancestrais do Futuro: série une sustentabilidade e moradia em episódio

Edna e Maria Gabrielly atuam contra problemas ambientais e lutam pelo direito de moradia

Por Lorraine Moreira
Atualizado em 29 Maio 2023, 15h03 - Publicado em 27 Maio 2023, 09h32
Ancestrais do futuro
Gravações da série organizada pelo coletivo Obirim. (Debora Oliveira/Reprodução)
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A série Ancestrais do Futuro, realizada pela Fundação Tide Setubal, estreou em fevereiro no canal Enfrente, no Youtube, e conta histórias de pessoas dispostas a repensar e construir um mundo melhor. Em cinco episódios, a produção trata sobre política, cultura, religião, memória e preservação ambiental, apresentando pessoas e coletivos que promovem o desenvolvimento de suas comunidades.

Entre eles, aparece SALve, um filme sobre a luta por moradia e a importância da moda sustentável por meio dos projetos Casa de Sal e Cabrochas Brechó, desenvolvidos por Edna Dantas e Maria Gabrielly Dantas, mãe e filha, respectivamente. Elas atuam na Praia do Sossego, uma comunidade no litoral norte da Ilha de Itamaracá, em Pernambuco, inspirando moradores e denunciando a urgência de se pensar sobre as formas de consumo e o descarte correto de resíduos. 

“As violências e negligências que as comunidades sofrem são reais. Mas a gente pode se priorizar e construir novos rumos para combater essas sentenças. Aliás, não cuidar do meio ambiente é uma sentença”, diz Maria Gabrielly. “O mais legal da produção do Obirin é que sai desse lugar de que negros são coitados. Existe conhecimento, talento por trás das nossas histórias”, completa Edna.

Ancestrais do futuro
Gravações da série organizada pelo coletivo Obirim. (Debora Oliveira/Reprodução)

Os mais afetados pelos problemas ambientais são os países pobres, especialmente as pessoas com menor poder aquisitivo que vivem nesses locais, segundo o relatório da agência beneficente britânica Christian Aid. No Brasil, a maioria são negros. Mesmo com esse quadro, muitas vezes as pautas de sustentabilidade e meio ambiente se concentram entre os brancos, sem dar voz ao restante da população. “Embora haja pessoas negras falando sobre esse assunto e criando projetos para minimizar os problemas do meio ambiente, como nós, o destaque vai para os brancos”, afirma a jovem.

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Quem contribui para a mudança dessa narrativa é justamente o audiovisual. “A maneira como contamos, abordamos e editamos a série é muito importante para tentar mudar o imaginário do que se construiu sobre o que é periferia. O audiovisual pode reforçar estereótipos, mas também pode trazer grandes benefícios para a sociedade”, reflete Lais Rilda, uma das participantes do Coletivo Obirin que atuou nessa série. “Com essa produção, a gente quebra a narrativa única de que negros são sempre figurantes na luta contra os problemas ambientais”, termina Maria.

Outra questão importante tratada é a luta por moradia. Segundo as informações do Relatório de Impacto TETO Brasil 2021, o Brasil tem 5,8 milhões de famílias sem casa ou que vivem em moradias precárias. Além disso, em 2021, 60% das moradias inadequadas do Brasil, o equivalente a 15 milhões, eram ocupadas por mulheres, conforme dados da FIP, que demostra como esse problema afeta especialmente pessoas do sexo feminino. Com a produção, pretendem mudar o cenário. “Todo mundo tem direito a moradia digna”, pontua Edna.

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