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46% das brasileiras sofrem assédio no trabalho, aponta levantamento

Pesquisa realizada pela Nielsen também revela 75% das mulheres afirmam que a gravidez é usada como razão para terem seu trabalho questionado

Por Joana Oliveira
8 ago 2022, 14h30
Um homem fala rispidamente com uma mulher no ambiente de trabalho.
Um homem fala rispidamente com uma mulher no ambiente de trabalho. (Yan Krukov/Pexels)
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O assédio no trabalho faz parte do cotidiano de 46% das mulheres brasileiras. Esse é o principal resultado da pesquisa Elas: Comportamentos e Barreiras, realizada pela Nielsen em parceria com a Opinion Box, que traz dados e reflexões sobre práticas machistas como mansplaining (quando um homem explica algo a uma mulher, desconsiderando que ela já sabe sobre o tema) no mercado de trabalho. Nos resultados do levantamento que ouviu 1.000 pessoas entre 24 de fevereiro e 2 de março deste ano, há contradições: apesar da maior parte do público masculino entrevistado (68%) acreditar que mulheres são tão capazes quanto homens de exercer as mesmas funções (16% pensam o oposto, sendo principalmente na faixa etária acima de 55 anos), elas ainda relatam muitas dificuldades para se sentirem bem-vindas e devidamente valorizadas nesses espaços. 

75% das mulheres afirmaram, por exemplo, que a gravidez é usada como razão para ter seu trabalho questionado. “A atuação feminina no mercado de trabalho tem sido limitada por construções sociais. Ser mulher significa estar exposta a ser questionada sobre assuntos não relacionados à sua competência profissional, como com quem ficarão os filhos, desde o momento da entrevista até ao alcançar uma posição de liderança”, comenta, menciona, em nota, Sabrina Balhes, líder de Measurement da Nielsen Brasil. 88% das entrevistadas concordam que a gestação é usada como empecilho já nas entrevistas de emprego, sendo considerada um motivo para não as contratar.

Além disso, três em cada quatro mulheres ouvidas, o que equivale a 75%, foram perguntadas nas entrevistas de seleção sobre seus planos de maternidade e com quem deixariam seus filhos quando fossem trabalhar. Entre os homens, apenas 69% recebeu o mesmo questionamento. O levantamento também mostra que 23% das participantes acreditam que esse tipo de pergunta atrapalhou a entrevista de emprego, enquanto somente 8% dos homens tiveram essa mesma percepção.

58% dos entrevistados do gênero masculino dizem sentir-se à vontade com mulheres ocupando cargos mais altos ou postos de liderança, mas a verdade é que as mulheres ainda estão muito mais envolvidas com afazeres domésticos do que eles: enquanto 22% das entrevistadas responderam que cuidar da casa é sua principal atividade durante o dia, entre os homens esse índice é de apenas 2%.

Mansplaining e manterrupting

Dois termos infelizmente familiares para as mulheres e não apenas no mercado de trabalho, maisnplaining e manterrupting (interrupção masculina na fala de uma mulher a ponto de impedi-la de emitir alguma opinião) tiveram sua ocorrência cotidiana mensurada pelo levantamento. De acordo com a pesquisa, 48% das já presenciaram homens explicando a mulheres algo que elas já sabem. O número é ainda maior em relação à experiência com o manterrupting: 54%.  já terem presenciado esta prática no trabalho, número que é ainda maior no manterrupting (54%)

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“Mesmo para essas formas ainda são pouco conhecidas de anular a mulher no ambiente de trabalho ou em outra esfera social, vimos que em 2022 estas práticas ainda estão acontecendo amplamente”, lamenta Sabrina.

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