“Game of Thrones” fez a temporada mais feminista de todas e isso é demais
E o último episódio só veio para confirmar isso.
Vamos ser sinceros: “Game of Thrones” nunca foi lá muito gentil com as mulheres. E foi – e com razão – duramente criticada pela forma como conduziu a história de personagens como a Sansa Stark, brutalizada e estuprada pelo marido.
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Além disso, o seriado diversas vezes se apoiou de forma gratuita na nudez feminina. Desconfortável com isso, Emilia Clarke, a Daenerys, exigiu a partir do terceiro ano da série não participar de cenas nua a menos que elas fossem extremamente importantes para o enredo. Mas tudo isso, parece, mudou.
***Atenção MUITOS SPOILERS abaixo!***
Desde o começo da temporada algo já parecia diferente. E estava. No bom quarto episódio deste ano tivemos algumas amostras de #GirlPower, quando, por exemplo, Dany queimou tudo e todos, mas nada se compara ao que aconteceu no sensacional “Batalha dos Bastardos”.
Muito foi comentado sobre a incrível cena de guerra, mas bem mais importante do que isso foram as ações de Sansa.
De certa forma, negligenciada pelo irmão impulsivo, Jon Snow, que não quis aceitar os conselhos dela e quase colocou tudo a perder, a garota não apenas salvou o dia ao costurar aquela aliança com Mindinho, como foi a responsável pela morte do estuprador Ramsey Bolton.
Isso é especialmente significativo quando parte de uma personagem diversas vezes torturada física e mentalmente e forçada a entrar em casamentos dos quais não queria estar.
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Claro, todos os horrores pelos quais ela passou não precisavam estar no roteiro, principalmente aquela dispensável – e desprezível – cena de estupro. Ela já tinha todos os motivos do mundo para odiá-lo! E, apesar dessa guinada feminista da série, ela ainda continua com essa mancha na sua história porque uma cena como aquela não pode ser usada apenas pelo valor de choque.
De qualquer forma, é uma vitória dos que buscam uma melhor representação feminina na TV constatar que uma série, diversas vezes acusada de sexista, parece, está buscando também uma redenção.
Mais #GirlPower
Do outro lado de Westeros também temos Daenerys Targaryen, Filha da Tormenta, a Não Queimada, Mãe de Dragões, Rainha de Meereen, Rainha dos Ândalos e dos Primeiros Homens. Após Tyrion fazer aquele acordo estúpido com os escravagistas, ela reconquistou Meereen no melhor estilo Katniss Everdeen – em chamas – e ainda fechou a melhor parceria dos últimos tempos de “Game of Thrones”.
TESTE: Que mulher f*dona de Game of Thrones é você?
Yara Greyjoy é a primeira personagem abertamente lésbica de #Got e já está cansada de ser governada por homens fracos, mesquinhos e que se importam apenas com os próprios interesses. A aliança dela com Dany, além de mostrar uma química incrível das duas, que, inclusive, fez a galera subir a hashtag #Danyara, é a promessa de que coisas boas estão reservadas para as mulheres do show. Talvez um reino comandado por garotas?
Mais pênis, por favor
Como se tudo isso não fosse suficiente, a sexta temporada foi a que trouxe o maior número de nus frontais masculinos. Coincidência ou não, Emilia Clarke havia feito campanha no Twitter pedindo para que isso acontecesse com mais frequência. E, convenhamos, objetificação MASCULINA nunca é demais, não é mesmo?
Coroação
A sexta temporada foi, sim, fora do comum: mais grandiosa do que nunca, trouxe as mulheres para o centro dos acontecimentos. Todas as personagens mulheres tiveram a sua importância e poder, cada uma a sua forma, reafirmado.
Nessa “nova” “Game of Thrones” elas não esperam ser comandadas, elas estão comandando. Quer prova maior do que Cersei sentada no trono de ferro e colocando Porto Real abaixo? Até as Serpentes de Areia, sempre deslocadas na narrativa, tiveram o “momento delas” na finale.
Nos dez episódios, acompanhamos homens acuados, tomando decisões erradas, agindo de forma impulsiva. Em contrapartida, no lado feminino da coisa, elas brilharam e lutaram com as armas que tinham para alcançar os objetivos delas, seja com dragões, cachorros, agulhas ou a lábia. E nenhum sonho é pequeno demais: pode ser o de virar uma Rainha, pode ser o de se tornar uma guerreira fodona. Isso é respeito, isso são tratamentos igualitários, isso é feminismo.